segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Amanhecer

 Naquela hora, sem explicação, desabei em choro. Olhando aquela vastidão, sentia as lágrimas escorrerem. E cada uma que caia, caia por todas aquelas que deveriam, mas não puderam cair. Ali, cada gota era uma imensidão: de sentimento, de sentido, de mim.
 Ali, eu não era um, era tudo. Agora, sou oco. E o mundo, também.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dos questionamentos

Perguntei a manteiga:
  • De onde veio?
  • Do leite, disse-me ela.
Perguntei ao leite:
  • De onde veio?
  • Da vaca, disse-me ele.
Perguntaram a mim de onde vim,
e o que eu podia falar?
Falei a verdade:
- Ainda estou de me achar.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sobre o blog evoluir e este autor discursar

Andei muito desaparecido, mas com razão. Esse final de ano pra mim foi particularmente mais complicado, porque foi o final do último ano de colégio. E com isso, tive que aprontar as coisas da colação de grau ( ah propósito, fui orador! ) e andei meio sem tempo de dar a devida atenção que este blog. Aliás, falando neste blog, nem tive tempo de contar pra vocês a novidade: Agora ele é um site! Quer dizer, não é um site pra valer, porque eu gosto desse clima de 'bagunça organizada' que o blog tem, mas é que agora ele atende por .com. ( mas você que vem aqui a mais tempo, fica tranquilo, ele também atende por "blogspot.com" )
Pois bem, dada as considerações iniciais, achei que seria interessante nesse clima de final de ano, que é um momento que a gente oscila entre as memórias do que passou e as expectativas do que virá, transcrever o meu discurso como orador, que fala essencialmente sobre as conquistas e os elos que fazemos ao longo do tempo. Espero que gostem, aí está:
Antes de começar, gostaria de falar uma coisa para aqueles que não nos acompanharam durante todo o processo. Final do ano passado, todos entusiasmados com a ida para o último ano do colégio, quando de repente, sem menos esperar, levamos uma rasteira e nos vemos obrigados a sair do colégio que estudávamos – pelo menos a maioria daqui. E como tudo que é novo, a possibilidade de mudar assim no último ano, gerava receio: “Será que vamos ser bem aceitos? Ou será que vão nos olhar com estranheza?”
Eu já estava com o discurso pronto, quando conversando com o Geraldo Deniro na noite anterior a coleção, ele me disse algo que achei importante registrar aqui: - mesmo eu esperando isso, é estranho dizer que o colégio acabou pra sempre. Desde que nos entendemos por gente, estamos no colégio. Parece que ao dizer isso, a frente de nós um abismo se abre, um abismo de incertezas e de possibilidades, que num primeiro momento temos medo de pisar.
E ficar vendo esse povo, estar aqui olhando pra todos esses rostos, faz eu me lembrar de todas as histórias, risadas, brincadeiras, brigas, desentendimentos e, sem medo de errar, posso dizer que valeu a pena. Cada escolha, mesmo errada, não foi em vão.
Bonito quando a gente percebe que a gente foi construindo laços e que depois você já não sabe mais dizer quem é você se você não se recorda de todos eles; que chega um momento da vida que você é uma multidão; eu não sei mais quem eu trago dentro de mim, é muita gente que mora dentro de mim, minha alma é povoada, minha alma tá cheia de gente; É tão bonito olhar cada rosto aqui e ir desdobrando os muitos rostos que essa pessoa representa;
Talvez o mais importante que a gente leva dessa fase, sejam os aprendizados.
Na vida, nós temos a ânsia de dar o que a gente pode fazer pelo outro; E pude aprender com algum de vocês, que as vezes, a gente tem a ânsia de fazer pelo outro alguma coisa, quando na verdade ele não tá pedindo que você faça, ele tá pedindo só que você seja. Uma coisa é eu tirar a minha blusa e dar a alguém que sente frio, outra coisa é dar o que eu sou. Não passa pela matéria, não passa por aquilo que a gente consegue enxergar, não passa por aquilo que a gente consegue materializar. E aprendi com vocês que o mais difícil da vida é isso, não é dar o que a gente tem, é dar o que a gente é, a oportunidade de você ser para o outro, de você ser a sua melhor parte, de você ser o melhor filho, o melhor aluno, o melhor amigo... As vezes eu não posso fazer muitas coisas pelos outros, mas eu tenho a oportunidade de ser.
É tão ruim quando a gente é olhado depressa demais, quando as pessoas não enxergam quem a gente é. E você descobrir isso, que o mais bonito que a gente pode oferecer ao outro é o que está dentro do nosso coração, uma palavra de amor, de consolo, de carinho, um gesto concreto. É isso que fica eternizado.
E a gente descobre ao ouvir essas pessoas, ao escutar esses tantos discursos, que valeu ter vivido, valeu ter feito tudo como como fizemos e ter conhecido pessoas como vocês. Porque hoje, o colégio acabou. Mas a gente, só acaba, se quiser. Obrigado!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

"8 estórias"

Não vivia para o amor, vivia para amar. Se apaixonava, se entregava e acabava sozinho. Até que um dia usou a coragem não só pra dizer adeus, mas pra falar o que sentia de verdade. Escreveu uma carta que foi endereçada a cada uma das mulheres que ele já havia se apaixonado: Giovana, Laura, Claudia, Sofia, Luna, Ruana e até para Carmem, que ele tanto mentiu e nem sabia se o endereço estava certo.
“Com você me sentia sozinho. Com você não sabia esperar. Em todas procurava o futuro que nenhuma poderia me dar.”
E quem vive para amar, não sentia o amor. E todo amor esquecido foi acumulando-se dentro de si, ficando cada vez maior, até que se tornou grande o suficiente a ponto dele poder ver. E quando viu o quanto seria capaz com o amor, teve medo e fugiu.
Terminou dizendo: “E todo amor que dentro de mim pode haver, rouba e usa só pra você. Agora, não preciso mais dele.”


( Sob influência total influência de “8 estórias” )

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Felicidade sem fim

Hoje acordei com uma felicidade sem fim. Não que não tivesse fim, sabia que em algum momento chegaria algo pisando no calo da minha alegria, mas naquele momento me pareceu infinito. E ao mesmo tempo, era tanta felicidade, que não cabia dentro de mim. Aliás, era felicidade demais pra guardar só pra mim. E então fui deixando sair, aos poucos, aquela sensação gostosa, aquele riso solto, aquela leveza nos ombros... Que minha alegria atingisse o vizinho da outra casa, da outra rua, do outro país, do outro mundo. E então fui deixando que toda aquela minha alegria se espalhasse pelo bairro, país, planeta, espaço. Foi tanta, tanta alegria que tinha em mim, que saiu tudo. O mundo continua a mesma coisa, exceto eu, que agora estou triste.

Estranheza das palavras

Tem palavras que despertam na gente sentimentos curiosos. Não exatamente pelo seu sentido literal, mas só pela sua grafia, de certo modo, faz com que sintamos uma estranha empatia. Comigo acontece isso. Termômetro, gincana e abobrinha, por exemplo. Não tem nada a ver uma com a outra, mas pensar nelas me dá uma felicidade estranha. Coisa de maluco que gosta de escrever.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ultrapassado no próprio tempo

Ando impressionado com muita coisa. As notícias passam tão rápido nas telas que nos cegam os olhos, que eu confesso que me sinto ultrapassado, quase sempre. Quase tudo me gera estranheza. Música, filme, livro, pessoas e fatos. Aquela música que todo mundo está cantando a dias e eu nem sequer ouvi. Aquele filme que fez o maior sucesso, virou trilogia, ganhou Oscar, eu nunca nem vi. Bebês e crianças salvos, milagrosamente, da ira de um metrô e um carro. Tudo isso me deixou ultrapassado. Porque agora, o que escrevo já virou passado. Tecnicamente é como se nada estivesse dentro mesmo do seu tempo. Mas o que mais vem me impressionando são as pessoas e os livros. Ou melhor, o que elas escrevem, não necessariamente livros, mas textos, poemas e crônicas, publicados nestes tantos blog's que existem por aí. É tanta gente escrevendo bem que eu me pergunto se dessa safra será possível selecionar alguém para ser reconhecido no futuro.
Salvou-se Machado de Assis, Guimarães Rosa, Drummond e meu querido Mario Quintana. Todos lembram de Rachel de Queiroz, Cecília Meireles, Cora Coralina e minha querida Clarice Lispector. Cada um marcou o seu momento, deixou expressa sua marca na partícula infinitesimal de tempo que viveram. Mas a sensação que eu tenho é como se agora, todos resolvessem renascer. Juntos!
É como se eu estivesse vivendo ao lado de Machados, Rosas, Andrades, Quintanas, Queirozes, Cecilias, Coralinas e Clarices. É como se eles tivessem feito um acordo, algo como “já fizemos tão bem separados, o que poderemos fazer se estivermos juntos?”. É impressionante o número de pessoas que estão escrevendo, e bem. É como se através de Claras, Marcelas, Julias, Antonios e tanto outros que eu conheço, os grandes estivessem ressuscitados. E é desse questionamento que nasce este texto: Será que no meio de tantos gigantes contemporâneos, camuflados de cidadãos normais, há espaço pra mim?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Curiosa constatação

As vezes as palavras me saem tão rápido, fulminando o papel de letras, que nem sinto que escrevo, sinto que psicografo.

Conselho de velhice

Quando comecei na vida, ninguém me falou da importância dos minutos. Falaram sobre fogo, rua, parapeito e tesoura, mas ninguém, uma pessoa sequer, me falou do quanto vale 5 minutos. Portanto, nessa minha velhice aturdida de fantasmas, se tivesse que deixar só um conselho, não hesitaria em deixar este: valorize cada minuto. São os 5 minutos que você não viveu que mais lhe farão falta o fim da vida.

sábado, 24 de outubro de 2009

As não-escolhas é que importam.

Estou numa fase de escolhas. Ano de vestibular, as opções são muitas e as possibilidades infinitas. Pensando a respeito disso, concluí que o mais difícil não é fazer uma escolha, mas saber que uma escolha exclui automaticamente todas as outras. Se eu sou brasileiro, elimino automaticamente todas as outras opções. Se eu estou feliz, a mesma coisa acontece. E é aí que eu pretendo chegar: A dificuldade não está nas escolhas que fazemos, mas sim, na que automaticamente deixamos de fazer. Porque são as possibilidades da nossa não-escolha que nos deixam nervosos, indecisos e confusos. E são essas mesmas não-escolhas que fazem, no futuro, a gente olhar pra trás e imaginar como seria se não tivéssemos escolhido o que escolhemos.
O que a gente decidiu já está decidido. Mas o que seria de nós, hoje, se tivéssemos optado seguir a direita ao invés da esquerda? Se naquela tarde vazia tivéssemos ligado para outra pessoa? Se optássemos por namorar a Maria ao invés da Joana? O que seria de nossa vida se ao invés de fazer o que fizemos, tivéssemos feito outra faculdade? E se, se, se...
Portanto, pouco importa o que você vai fazer ou escolher. O que importa de fato, depois, é o que você não fez. Porque o que você já fez, o caminho que escolheu, você já conhece aonde vai dar. Mas o que você não fez, aquela festa que você não foi, aquela viagem que você nunca fez, ronda no campo da imaginação e das possibilidades, pisa no incerto e talvez a fantasia se encarregue de deixar tudo muito melhor.
E falando em possibilidades, afinal me diga: O que seria deste textículo se eu não o tivesse escrito? E o que você estaria fazendo, se não estivesse lendo-o agora?

     E como informação complementar, colocarei esse trecho do Fernando Sabino que achei super pertinente ao assunto: "Meu erro foi acreditar que a vida poderia fornecer material para a minha Literatura. Viver escrevendo. Não escrevi o que devia - este foi o meu erro.
     Escrever é renunciar - eu não sei renunciar. Gide disse que o diabo desta vida é que entre cem caminhos, temos de escolher apenas um e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove. Pois bem: a Literatura é como se você tivesse de renunciar a todos os cem..."

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

(quase) Poemeto da obsessão.

Estou de saco cheio
vê se some assombração!
me cercando pelo meio
não dá sossego, não

Eu vou pra lá, caio pra cá
tento, tento e não consigo
Porque cismar de ficar assim
tão obsessiva comigo?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"Realidade" virtual?

Como amante da psicologia e do comportamento humano, acho curioso um fenômeno que ocorre com uma certa frequência em redes de relacionamento – mais especificamente o Orkut – que é caracterizado por pessoas que para disfarçar o fato de serem socialmente excluidos/discriminados na vida real, criam uma identidade virtual absurdamente exótica e restringem o acesso a seus perfis como se fossem controlar a vaga de um concurso público. Colocam textos enormes em seus perfis, dizendo sobre a dificuldade que é ter acesso ao seu seleto grupo de amigos de 'apenas' 800 amigos – muitas vezes tão exóticos quanto eles. Tudo começou quando alguém resolveu criar a frase: “Quando add, deixa scrap.” Até aí tudo bem, sou até em parte partidário disso. O problema é que teve gente que transformou essa frase numa possibilidade de ascensão social e coloca textos mandando os que pelo perfil passarem que cuidem de suas próprias vidas, muitas vezes associado a um tom arrogante e prepotente, como: “Sei muito bem o que faço e não preciso da sua opinião, até porque não te pedi pra opinar em absolutamente nada, então vai fazer algo útil pra sua vida, e tomar conta dela ao invés da minha. Eu não vou te adicionar porque você me achou bonitinha. Se for adicionar, deixa pelo menos uma porcaria de um recado avisando quem é porque se não eu não vou te aceitar, se não te conhecer.”
Caso similar acontece com quem apaga recado, não pra preservar a privacidade, mas pra omitir o fato de quase ninguém lhe manda mensagem. Ou ainda aquela pessoa que bloqueia depoimentos sem sequer ter algum. Triste quem vive essa realidade construída. Quando eles vão aprender que a vida é pra ser vivida, do jeito – estranho ou não – que você é?

sábado, 10 de outubro de 2009

Comédia trágica é uma tragédia.

Acabo de assistir 'Divã', elaborado pela minha caríssima Martha Medeiros, e senti por ele o que sinto por todos esses filmes que se disfarçam de comédia mas que são mais tristes que um monte de filme de drama. Juntos!
O filme começa com a Lilian Cabral, que entendiada com o casamento, acaba buscando uma experiência fora dele. Se envolve então com o Reynaldo Gianecchini, se separa, faz sexo na boate com o Cauã Reymond e (re)descobre prazeres que ela achava já ter perdido. Até aí tudo bem.
Eis que vai se aproximando do final e dá-se a catástrofe! Ela não arruma ninguém, não volta para o marido e sua única e melhor amiga morre de um câncer raro e fatal.
Caso igual acontece com outro sucesso de bilheteria, o simpático e divertido “Marley & Eu”. Concordo que ele seja assim do início até a metade. Mostra o casal no começo de namoro – ou casamento talvez -, as alegrias e diversões de começar uma vida a dois e a chegada do então filhote Marley. Do início até a metade do filme mostra o desenvolvimento dessa família, o crescimento do cachorro, a ascensão profissional do marido... enfim, vai narrando a vida dos personagens e o desenrolar dos fatos. Porém, do meio até o final, mostra o cachorro envelhecendo, definhando e a família entrando numa tristeza sem fim, que tem como ápice a sua morte.
Agora me diga você: Isto é comédia? A gente passa o filme todo rindo, pra chegar no final todo tristonho e reflexivo? Eu proponho que nas capas dos filmes estivessem escrito não só 'comédia' ou 'drama', mas 'comédia com teor dramático' ou 'meio comédia meio drama'
Eu acho essa enganação uma crueldade. Quando vejo comédia, vejo para rir, rir e rir mais um pouco. Fazer chorar já é sacanagem...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sobre atingir a maioridade.

E o que eu pensava estar tão distante, aconteceu: Atingi a maioridade! Agora eu posso ser preso, agora eu não só posso -como devo- votar, dirigir, entrar em boates, comprar bebidas alcoólicas e tabaco. Enfim, posso me entregar a libertinagem e aos demais prazeres mundanos.
Mas o que me traz aqui não é a confissão de que a partir de agora serei uma nova pessoa, transformada. Não vou me tornar versão 2.0 de mim mesmo, totalmente mudada e diferente. O que me traz aqui é a surpresa de que assim, de repente, atingi a maioridade.
Quando era mais novo, ouvia os adultos falarem para aproveitar a infância, que era a melhor fase da vida, a mais tranquila e sem preocupações. Eu, como todo criança que almeja ficar velha logo, imaginava – e dizia – que isso na verdade era só uma jogada deles de tentar fazer com que nós dessemos alguma importância a essa fase, que para mim, era tão sem graça. Legal era trabalhar, estudar, namorar, sair pra onde quiser e tudo mais que se vê os mais velhos fazendo. Tolice!
A gente torce para ser velho logo, e quando a velhice vem chegando, torcemos pra roda da vida girar ao contrário e voltar a tal da infância de novo. A gente reconhece que bom mesmo era o não fazer nada da pequenice, o pique, a ingenuidade, a roda, as cantigas... a besteira na verdade era uma delícia, e passamos a reconhecer isso só depois que perdemos.
Mas como toda fase, há de se ter coisas boas em se atingir a maioridade. E agora me despeço de vocês, enquanto ainda é tempo. Hoje, dia 28, durmo um menino. Amanhã, dia 29, acordo um homem.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Saudade e Poema frustrado. Tudo junto e misturado.

Caramba, que saudade que eu estou deste blog. Acessei-o tantas vezes, embora sem atualizar, que senti como se eu não fosse mais dono dele. Como se ele tivesse, de uma hora para outra, escapado das minhas mãos. Poxa! Como eu pensei em postagens para cá. Dos mais diversos temas, dos mais variados assuntos... Devido aos pedidos insistentes das três pessoas que lêem este blog, não esperarei chegar em casa para postar, como havia dito. Bem, uma breve explicação da minha ausência: Estou numa obra ad eternum no banheiro do meu quarto, o que fez com que eu tivesse que me mudar para a casa da minha avó. O teclado por aqui é deveras duro e desconfortável de digitar, o que não facilita o ofício – ou sacrifício – deste que vos escreve. Não seria problema, se este post não fosse a centésima postagem! Por incrível que pareça, este que começou de forma despretensiosa e que ao longo destes –quase- dois anos já coleciona inúmeros comentários fantásticos e uma legião de três seguidores cativos ( o que é melhor que nenhum, concordam? ). Obrigado a todo mundo que por aqui já passou, ainda que só uma vez, e outro obrigado – esse ainda maior – pelos corajosos que insistem em permanecer e cobrar novas postagens, querendo saber a opinião deste humilde blogueiro a respeito de outros temas.
Os que me acompanham desde o séc. XVIII sabem desta história. ( se você não lembra, clique AQUI ) já os leitores mais recentes terão que clicar no “AQUI” aí do lado. Pois bem, o feito se repetiu. Prova de matemática, três provas diferentes no mesmo dia. Eu, coitado, nada sabia fazer, nenhuma mísera questão sequer! E então? Peguei a folha que foi dada de rascunho e escrevi um singelo poema. Que não a toa, recebe o nome de ‘Poema Frustrado’, já que nasce de uma frustração dupla: A primeira vem da matemática em si e a outra é da minha – falta de – habilidade para fazer poemas. Qualquer um ficaria inibido de postá-lo, mas como nossa relação é transparente, jogo limpo, não poderia deixar de compartilhar.

Poema Frustrado

Não sei nada.
Só finjo que sei,
Para os outros que também não sabem,
Não passarem a comentar,
Que aquele menino, ali do lado,
Nada sabe realizar.

Se soubesse não estaria aqui,
Estaria por aí fazendo graça.
Soltaria pipa, jogaria bola,
Tudo bem assim, com outra temática.
Que implicância tem comigo,
Essa tal de matemática.

Vontade que me dá,
É a de mandá-la dar uma volta na praça.
E quanto aos problemas,
Ainda que soubesse, não faria,
Só de pirraça.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sobre não saber desenhar.

Ainda sobre as minhas frustrações, das habilidades não escolhidas, uma que muito me chateia é eu não saber desenhar. Quer dizer, saber desenhar qualquer pessoa sabe, nem que seja o tal do boneco palitinho. Mas eu falo desenhar pra valer, acho fantástico quem com uma simples caneta e uma folha em branco, constrói uma cena com perfeição. Desenhar é representar o divino. Antes de se quer imaginar escrever, o homem – das cavernas, claro - desenhava nas grutas o seu cotidiano.
Se soubesse desenhar, desenharia tudo, ilustraria minhas histórias, passaria para o papel o rosto de cada um que eu conheço. Mas é, eu só desenharia se soubesse. Aliás, escrevo, em parte, porque não sei desenhar. Não sei fazer imagens então escrevo imagens. Ou tento.

ps: Texto co-escrito por Clara Melo.
ps²:E quando a autora do desenho aqui de cima resolver desenhar este autor que vos fala, compartilharei com todos.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sobre ser calorento.

Se tem uma coisa que eu não gosto de ser é calorento. Não é foi algo opcional, eu não tive a menor voz ativa nessa escolha, eu simplesmente um dia, cheguei ao mundo assim, suando. Se eu pudesse adentrar o além e dar somente um conselho aqueles que por aqui chegarão, diria para sentirem frio, muito frio. Aqui nesta terra brasilis, onde a temperatura média varia entre muito calor pra calor extremo, os tais calorentos feito eu, sofrem. E muito!
É muito mais fácil sentir frio. Você está em algum lugar e ao sentir frio, prontamente pega o seu casaco - porque há de ter um sol transformando concreto em frigideira, um friorento legítimo sempre tem um casaquinho escondido – e resolve seu problema. Você está indo dormir e está com frio. O que você faz? Pega um lençol, uma colcha, um edredom, um cobertorzinho e no último nível, um daqueles cobertores de lã cheio de fiapos que ao entrar em contato direto com a pele, funciona quase como pó-de-mico, fazendo uma coceira daquelas. Mas e se ao invés de frio, você sente calor? Não há o que fazer de imediato, você precisa de uma série de aparatos técnicos para poder se refrescar.
E o que eu considero pior: você vira refém da coletividade. Até nisso o friorento se dá bem! Porque se você está num ambiente onde a maioria é calorenta, liga-se o ventilador, o friorento põe seu casaquinho e todo mundo fica feliz. Agora, se você está num ambiente em que a maioria é friorenta, as pessoas ao invés de pensarem na coletividade, pensam em si próprios, não querendo que se ligue sequer o ventilador, fazendo com que o friorento ria de orelha a orelha por estar naquela estufa, enquanto o calorento, coitado, sue que nem um bacon na chapa.
E parece que sempre haverá de ser assim: Enquanto um se mata de felicidade com as suas muitas dermes de algodão, resta ao outro suar e esperar sua morte seca e árida.

Michael, the Jackson.

Michael Jackson morreu e disso ninguém tem dúvida. Nunca fui muito fã dele. Conhecia uma ou outra música, o tal passinho 'moonwalker' e só. Por isso, não venho aqui pra falar do Michael Jackson, e sim, de como as pessoas estão reagindo nessa pós-morte. Primeira coisa: vamos parar de palhaçada.
Até o dia da morte, Michael Jackson era um artista decadente, um pedófilo safado, que renegava sua identidade negra e operava o nariz loucamente. Depois da morte, a mesma mídia que o arruinou, transforma-o no maior ícone da música pop, colocando seus clipes em todos os canais e seus cd's como os mais vendidos. Agora é tarde, chorar sobre o leite derramado não muda em nada.
Sobre o Michael Jackson em si, eu não tenho o que dizer. Eu acho que ele não era normal simplesmente porque ele não conhecia a normalidade. O cara é mega famoso desde os 6 anos de idade, apanhava do pai, odiava os irmãos... não sei se tinha como ele ser um cara normal, casado, com filhos, vivendo o típico estilo americano de ser.
No mais, pedófilo ou não, decadente ou não, fica o fenômeno que ele, preto ou branco, sempre há de ser.




domingo, 5 de julho de 2009

Carlos, o taxista.

Ele entra naquele carro como se entrasse na vida agora. Abre a porta com firmeza e a fecha com mais firmeza ainda. Algo o estava incomodando.
- Mas o que houve seu moço, parece tão apreensivo... diz o motorista
- Estou nervoso, muito nervoso, mais nervoso do que outrora já tenha ficado na vida.

Suando, com as mãos em cima dos joelhos que não paravam de balançar, ele não estava mesmo muito bem. Talvez tivesse terminado o casamento, mas era muito moço para estar casado, pensou o motorista.
- E o que é que o senhor tem afinal?
- Você não entenderia se eu contasse.

Já esperando o pior, o motorista tenta se lembrar do noticiário da noite anterior. De repente aquele homem ali do lado era alguém procurado pela polícia. Ou então algum golpista famoso que não fosse nem pagar a corrida.
- Ora, mas se o senhor não quer contar, eu respeito, afinal a vontade do cliente sempre prevalece, não é mesmo?
Sem responder ou emitir palavra, o homem balança a cabeça como se concordasse com aquilo que o outro lhe falava.
- Mas me diga então, para onde nós vamos?
- Eu não sei.
- Como assim não sabe? Você entra no táxi e não sabe para onde vai?
- Não! É esse o motivo da minha aflição!
- Ora, e para onde eu vou?
- É isso que eu me pergunto, amigo: Para onde eu vou?
- Você pode ir para onde quiser, desde que me diga antes e que tenha dinheiro pra pagar a corrida... brincou o taxista
- Mas eu não sei para onde ir.

Quando ele pensa encostar o carro no cantinho da rua e vai diminuindo a velocidade, o homem diz:
- Queria só pedir pra você não encostar.
- Por quê? Quem diabos é você? Não sabe pra onde quer ir mas não quer que pare. Você é algum bandido procurado? Está fugindo da polícia? Olha companheiro, queria te dizer que eu sou pai de família, tenho duas meninas em casa me esperando, se você quiser levar meu dinheiro, leva, meu táxi, leva, só, por favor, não faça nada comigo!
- Calma, eu não sou nenhum bandido e nem quero te roubar. Eu só quero achar um lugar pra ir, e quando você encosta, dá impressão que eu já cheguei.
- Eu não posso ficar aqui o dia todo com você. Ou você se decide para onde ir ou desce do meu táxi, por favor.
- Você não pode me dizer algum lugar pra ir?
Sem ter muito o que dizer, Carlos vai pelo óbvio:
- Ora, eu nem lhe conheço. Você não tem família?
- Não.
- Desde quando você não sabe para onde ir?
- Desde o momento que eu entrei aqui.

Carlos se vira e olha a cara do sujeito de perfil. Algo nele desperta a simpatia do taxista.
- Rapaz, gostei de você, sabia? Essa tua confusão até que é bem divertida. Você tá com fome?
- Estou!
- Já que não tem lugar nenhum pra ir, aceita me acompanhar até a lanchonete ali do próximo quarteirão? Está na hora do meu almoço e o sanduíche ali é muito bom. Quem sabe lá conversando você não escolha algum lugar para ir?
- Seria ótimo.
Carlos para na porta da lanchonete e vai desligando o carro as poucos.
- Vai saindo!
Pede para o homem.
O homem sai como se tivesse renascido. Não sabia ele que havia encontrado o melhor amigo de sua vida.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Rotina.

Desde o início do ano venho pensando em escrever um texto sobre essa rotina desgastante e chata que estou vivendo neste último ano de colégio. Mas devido a esta mesma rotina, mal ando tendo tempo de viver, o que dirá escrever.
Passando pelo blog Avante com as Letrinhas, achei um texto que diz tudo que eu pretendia falar e mais um pouco, portanto, transcrevo-o aqui:
“Cansei da realidade.

Tédio total essa vidinha parada e comum que somos obrigados a viver. Simplesmente não suporto mais essa normalidade, essa mediocridade, essa rotina ensaiada, sempre as mesmas coisas.
Não quero mais cinemas com pipoca fria, encontros em cafés com papos ensaiados, não quero mais os flertes iguais e contínuos via internet. Eu quero uma aventura cinematográfica!
Eu quero uma trama ainda não pensada, uma personagem que eu vou criar, cenas que deixem aquele frio na barriga e que vez ou outra, façam a lágrima querer descer.
Eu quero a incerteza de um roteiro bem bolado, uma fotografia bonita, por favor.
Diálogos inteligentes, filosóficos e casuais, uma mistura simpática de tudo que os filmes têm de melhor.
Eu quero beijos com trilha sonora, olhares marcantes, frases não ditas, mas imaginadas por quem assiste enquanto, em casa, come brigadeiro.
Nada do que eu já vi, ou já vivi. Eu desejo uma mistura de tudo que já imaginei e do que com certeza vai me surpreender.
Quero uma paixão que vá além da compreensão, das expectativas. Uma vivência que me rasgue a roupa, o juízo e o coração, se for preciso. Eu quero luz, câmeras e muita ação.
Quero das cenas mais clichês à inexperadas, e todo o tipo de reação. Quero surpresas e aquele primeiro beijo já esperado, mas que causa o mesmo efeito de surpresa.
Quero as conhecidências, os lugares, os amores que só aparecem nessas telas.
Espero uma história bonita, inusitada, encantadora, que me tire do sério e me torne protagonista dessa trama envolvente.
Essa vida de novela das oito é muito chata, eu quero mesmo um filme. De cinema americado, francês, italiano, coreano, brasilero. Eu quero uma grande confusão, uma mistura, o filme que por agora é só um trailler na minha cabeça.
Não esquecendo do(talvez) mais importante. Quero um final que seja avassalador. Que seja no ponto, medido. Bonito o suficiente pra deixar sorrisos e lágrimas no rosto e não tão clichê pra alguém dizer que já o esperava. Quero um fim que dê frio na barriga até mesmo quando os créditos começarem a rolar.
Cansei da minha vida real, estou farta das mesmas coisas, de saber o que esperar, de enxergar tudo sem lirismo, sem poesia e sem emoção.
Desligo-me do mundo agora, da rotina que cansei de ensaiar.
Vou fixar-me nas telas, do que já foi feito, pra sonhar com a verdade que invento, da vida que desejo, do romance cinematográfico que eu quero viver.”

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Zumbis existem?

De acordo com as minhas mais recentes pesquisas, EXISTEM!
Mas calma aí, não falo de humanos zumbificados que gostam de degustar um bom cérebro ao molho de alcaparras, como os dos filmes Resident Evil, Madrugada dos Mortos e por aí vai. Os zumbis da vez são.. baratas!

Han?

Pois bem.
Existe uma espécie de vespa muito gente boa, cujo nome científico é Ampulex compressa. O prato preferido da Ampulex é a barata comum (Periplaneta americana), aquela mesma que tem na sua casa, na minha e faz mulheres e homens moçoilas gritarem.
Ao encontrar uma barata, a vespa vira-a com as patas para cima lhe dá uma ferroada no tórax. O veneno faz com que a barata perca temporariamente o movimento das patas, e deixe de reagir. Em seguida, com a barata imobilizada, a Ampulex dá uma segunda ferroada, num ponto específico do cérebro da vítima. O golpe da "zumbificação".
A vespa se afasta por uns 30 minutos, tempo suficiente pro bagulho que tem no ferrão dela fazer efeito. Quando retorna, ao invés de carregar a presa como outras vespas, ela simplesmente conduz a barata pela antena, sem precisar lidar com nenhuma reação da vítima. Como um zumbi, a barata é "gentilmente" é conduzida até a toca da vespa onde terá um ovo depositado no seu abdome.
O vídeo abaixo mostra o processo:
http://www.youtube.com/watch?v=DzGCSk1Zpoo
A larva nascida do ovo começa a sugar a linfa da barata. Assim que cresce um pouco mais, entra dentro da barata e passa oito dias devorando-a por dentro. Após a refeição (que é regada com um bom vinho francês e tudo mais), forma um casulo e emerge como o Alien (aquele mesmo que fez o filme com Predador Gilberto Gil).
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A forma como o veneno da Ampulex manipula, de forma precisa, o cérebro da vítima já chama a atenção de cientistas. Acredita-se que, no futuro, ele seja usado como base contra doenças cerebrais. Será?
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fonte: Daniel Rocha e Revista Galileu.
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ps: Aqui um outro vídeo, mas aí não envolve baratas. A situação aqui acontece quase que da mesma forma, só que a vespa coloca os ovos com o outro inseto ainda vivo e de uma hora para a outra, todos saem, formando uma nojento massa orgânica. Cá está: http://www.youtube.com/watch?v=vMG-LWyNcAs&NR=1

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sem nome, sem jeito.

Olhava pra cima e admirava o céu. Se imaginava pulando nuvens, andando sob estrelas e visitando cada pontinho da imensidão que ele via. Talvez o que ele queria era puramente fugir da realidade que vivia e, quem sabe, olhando pra cima, conseguiria se libertar dessa gravidade que lhe prendia ao corpo seus problemas e frustrações.
Havia um tempo já que se sentia pesado. Como que de uma hora para a outra, seus fantasmas todos lhe batessem a cabeça, a porta, empurrassem seu muro e tentassem derrubá-lo. Fugindo de si e de tudo, ele simplesmente olhava para cima. Era o único lugar mais leve que ele conhecia.
O tempo encarregou de dar-lhe responsabilidades e fez com que enfrentasse problemas que pareciam estar muito além de suas conhecidas soluções. Por fora, uma couraça forte, mas na verdade era só o revestimento de um corpo vazio.
Menino reto, centrado, não se permitia flutuar. A vida então, resolveu provoca-lo e fez o menino ver a beleza das pequenas coisas e a valorizar o que nunca havia dado valor. Uma tragédia havia acontecido, mas não era por acaso.
O menino percebeu que embora a cada dia se tornasse mais adulto, sempre havia tempo para ser um pouco menino. E foi assim que ele passou a olhar pra cima e admirar o céu. Agora ele conseguia ver o invisível.

Devaneando sobre nada.

Esse texto começou a ser escrito com o objetivo de ser brilhante, cheio de conteúdo, de modo que surpreendesse até a mais sábia das criaturas. Mas isso exigiria tempo, dedicação e um conhecimento além do alcance do humilde autor.
Portanto, vou me dedicar a escrever um texto sobre nada. Um texto que não tenha conteúdo e que não passe nada a quem lê. Um texto que fosse só um monte de palavras, que, embora juntas, não quisesse transformar a vida de ninguém.
Curioso é que escrever um texto sobre nada, é, não só inútil, como totalmente sem sentido.
Com esse texto eu não vou tomar o poder. Com esse texto uma revolução não vou fazer. Com esse texto eu não vou ganhar mais dinheiro. Com esse texto eu não vou mudar o Rio de Janeiro. Nada.
Lendo isso você não vai saber mais de mim. Você não vai saber meus gostos, nem de onde venho e nem, pra onde vou.
Esse texto começou a ser escrito com o objetivo de ser genial, mas no fim, acabou como todos os outros, um monte de palavras criadas pra te prender até aqui, a última palavra. Tchau!

sábado, 16 de maio de 2009

Sobre gente chata.

Ando com raiva de gente cri-cri. Eu nem sei se cri-cri se escreve assim, aliás, acho que é a primeira vez que escrevo essa palavra. Talvez eu não escreva muito ela, pra tentar tirar, ao menos do meu vocabulário, esse tipo de gente. Ô gente chata essa que arruma briguinha por tudo!
Repara que gente cri-cri geralmente está acompanhada de um tom de voz ligeiramente alto, um ar soberbo de quem escreveu um best seller e um olhar analítico, como de quem busca reparar em tudo, só pra ter o gosto de criticar. Essa é a diferença entre o crítico e o cri-cri.
Crítica é bacana, faz bem, seja ela positiva ou negativa – quando fundamentada -, faz o sujeito melhorar e aparar algumas arestas. Agora, gente cri-cri não gosta de crítica. Ah não! Gente cri-cri gosta de criticar, geralmente de forma ofensiva ou depreciativa. Porque, ora meus amigos, não basta falar sobre a sua vida, tem que também tentar te desmoralizar.
Gente cri-cri é aquela que lembra de história que ninguém lembra, que geralmente – e quase sempre, sequer existiu. Gente cri-cri é aquela que não se importa com o que você acha, mas se em algum momento o que você acha for diferente do que ela achar, aí sim ela resolve se importar, te entupindo de asneiras pra te convencer. Gente cri-cri nunca é normal. Nunca come coisas normais, toma remédios normais ou tem doenças normais. Gente cri-cri não gosta de Coca-Cola, mas defende com unhas-e-dentes aquele prato que só ela come, dizendo que a sociedade toda é que está equivocada, já que seu prato vem importado direto de um vilarejo europeu que só ela conhece – e diz que visita anualmente. Gente cri-cri é viajada, entendedora e não se contenta em ficar gripada. Tem logo uma pneumonia arrebatadora que lhe tira dos eixos e lhe faz explicar porque aquela receita/simpatia do tio da prima da sua avó é eficaz.
Eu gosto mesmo é de gente normal. Não essa gentinha pacata e sem expressão que vagueia e habita a terra, mas essa gente normal que não desperdiça uma boa pizza quando aparece. Que adora um refrigerante bem gelado num dia de calor e que não dispensa aquele sorvetinho de chocolate. Gente normal não quer saber porque você não tem dinheiro, e sim, se você precisa de algum.
Gente normal é suave, leve, doce e deixa o ambiente sossegado e animado. Já gente cri-cri... ah! Gente cri-cri é chata pra cacete!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Sobre viver no século XVIII

Estou me sentindo em pleno século XVIII. Tem gente que diz que a moda é cíclica, de modo que o que foi considerado moda a alguns anos atrás, será moda hoje e tornará a ser daqui a algum tempo, ininterruptamente. Pois bem, ando suspeitando que o mesmo acontece com a história.
Navios estão sendo atacados por piratas, estamos ainda definindo o conceito de liberdade e igualdade, e não somente, surge agora uma gripe pandêmica que deixa o mundo em polvorosa.
Pegando essa realidade e olhando para trás, não estamos muito longe disso.
Pessoal, pirata? Tem coisa mais primitiva que isso? E se ainda fossem piratas adaptados ao novo século, usando navios possantes, armas poderosas e roupagem apropriada... mas não, são homenzinhos mixurucas, num barco de pescador de marisco, usando meia dúzia de pistolas e rifles, que, se bobear, datam do próprio século XVIII. E o fato de serem todos da Somália? Porque diabos ainda teimam em passar por lá?
No final do século XVIII acontecia a Revolução Francesa, onde se tinha uma classe se sentindo explorada e exigindo melhores condições, em oposição a uma elite parasita que vivia mamando no seio do governo e de noções desordenadas de liberdade e justiça. Alguma semelhança com o Brasil dos dias atuais?
E por fim chegamos a Gripe Suína, que só começando num país como o México pra ter um nome que não tem nada a ver com a doença. A gripe não se pega comendo carne de porco, o vírus não é exclusivo do porco, logo, não tem motivo se chamar Gripe Suína. Aliás, não tem nem motivo para se ter este alarde todo, como estamos vendo. O que acontece, na verdade, é que existe uma leva de gente que se sente atraída por essas catástrofes apocalípticas, e ajuda, então, a disseminar esse frenesi entre a população. Seguindo um pouco essas teorias da conspiração, acho que isso é na verdade uma sacada dos laboratórios de a cada ano escolherem um animal para disseminar uma doença, aumentando então a venda de remédios. Foi-se com a vaca louca, a gripe aviária e agora a suína. Isso sem lembrar das doenças antigas, que nos remetem ao tal século XVIII – ou antes -, como a gripe espanhola e a peste bubônica.
Como bem disse Bruno Vargas no Recanto das letras, talvez sejam os porcos a evolução dos seres humanos. Se o porco nem se altera com uma gripezinha humana e nós humanos sentimos tremores só de ouvir falar da gripe suína, talvez esteja na hora de evoluirmos logo para o porco.

domingo, 26 de abril de 2009

Céticos x Sonhadores

Eu sempre me pergunto se esses grandes sujeitos, inventores de grandes coisas, sempre acreditaram no produto deles. Será que eles sempre tiveram uma meta, ou a coisa veio tímida, como quem não quer nada e de repente ele se viu com uma grande invenção?
Baseado nisso, achei um apanhado de frases ou idéias de grandes sujeitos ou de grandes companhias, lá no seu comecinho, que fazendo uma comparação com a atualidade, soam até engraçadas. Isso mostra que na verdade, eles não sempre acreditaram na sua invenção, mas sim, que foi um processo gradual... ou seja, grandes pessoas também são inseguras. É a coisa de confiar no próprio taco.

"640kB devem ser bastantes para qualquer um."
Bill Gates

“No futuro, os computadores não pesarão mais do que 1,5 tonelada.”
Popular Mechanics, prevendo a evolução da ciência, 1949

“Penso que há talvez no mundo um mercado para 5 computadores."
Thomas Watson, presidente da IBM, 1943

"Os raios-X são uma mistificação."
Lord Kelvin, físico e presidente da Sociedade Real Britânica de Ciência,
1900

"O avião é um invento interessante, mas não vejo nele qualquer utilidade militar."
Marechal Ferdinand Foch, professor de estratégia da Escola Superior de Guerra da França, 1911

"A televisão não dará certo. As pessoas terão que ficar olhando para sua tela e família americana não tem tempo para isso."
The New York Times, 18 de abril de 1939, quando da apresentação de um protótipo de aparelho de TV

"Quem imagina que a transformação do átomo possa ser uma fonte de energia está dizendo bobagem."
Lord Rutherford, o descobridor da fissão nuclear, em 1939

"O fonógrafo não tem nenhum valor comercial."
Thomas Edison, inventor do toca-discos, em 1880

"Não existe nenhuma razão que justifique uma pessoa ter um computador em casa."
Ken Olson, fundador da Digital Equipment Corporation, a maior competidora da IBM, em 1977

Os irmãos Lumière, inventores do cinematógrafo e responsáveis pela primeira exibição pública de um filme em 1895, não acreditavam inicialmente que sua invenção tivesse algum potencial comercial.

E essa é para fechar com chave de ouro:

"Tudo o que podia ser inventado já foi inventado."
Charles H. Duell, gerente do Escritório de Patentes dos Estados Unidos, em 1899

Podemos dividir a humanidade então em duas categorias: Céticos e Sonhadores.

Os céticos adoram observar os sonhadores, debocham, apontam erros, põem obstáculos e estão certos que os sonhadores jamais conseguirão.
Alguns sonhadores acabam desistindo mesmo, mas outros não. E graças a esses grandes sonhadores, hoje temos eletricidade, voamos, navegamos na internet, andamos em carros, trens e assistimos um bom filme...
E quanto aos céticos... Bom, eles usufruem de tudo isso, mas continuam seu legado!

Eis a Humanidade :)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O amor pelas letras.

Tem um tempão que não venho aqui no blog. Na verdade, historicamente falando, um mês não é lá um tempão, é só uma minúscula fagulha no fogaréu do tempo. Profundezas à parte, aos que me acompanham, ou melhor, as três pessoas - no máximo - que mantém certa assiduidade neste blog, peço desculpas pela minha ausência.
Na verdade, não era eu quem tinha que vir pedir desculpas, é a escrita. De uns tempos pra cá, ela simplesmente sumiu. A vontade, o gosto e o saco pra escrever, que me são recorrentes desde que me entendo por gente, resolveu me abandonar por um tempo. Logo eu, que sempre fui um menino das letras, não conseguia me fixar na frente do computador nem por alguns minutos pra escrever nada. Não que não saísse, mas eu simplesmente não tinha saco de continuar.
A algum tempo, escrever era o que eu mais gostava de fazer. Aliás, desde muito tempo, escrever era um dos meus maiores prazeres. Mas agora, eu não sei. A pouco tempo eu li uma coluna da Martha Medeiros em que ela diz que essa vida de escrita deixa a gente meio robô mesmo e que raras eram as crônicas que mexiam com ela. Se ela bem lembrava, a última que mexeu com ela foi lá pra meados de dois mil e poucos.
Agora fui eu quem cheguei nessa crise. O que eu escrevo anda mexendo menos comigo do que fazia antes, fazendo com que eu pense se isso que eu sempre fiz é mesmo o que eu gosto de fazer. Tem uma frase do John Powell que diz: “Mas, se eu lhe disser quem sou, você pode não gostar de quem sou, e isso é tudo que eu tenho.”
Pois bem, se escrever não for o que eu gosto de fazer, eu não tenho mais nada pra fazer, pois isso é tudo que eu sempre fiz.

domingo, 15 de março de 2009

A Polêmica sobre o aborto


Foi veiculado, recentemente, mais um caso em que uma menina, menor de idade, foi molestada por quem poderia protegê-la.
Em Pernambuco, no Município de Alagoinha, um padrasto, estuprou sua enteada de 09 anos de idade.

Desse ato, adveio uma gravidez. De gêmeos. Sendo que a gravidez era de altíssimo risco. Ou seja, caso seguisse o curso natural da gestação, todos poderiam perecer.

Dessa constatação, na noite do dia 03 de março do corrente ano, a menina sentindo varias dores, tontura e enjôos, foi internada e começou a receber doses de um medicamento para interromper a gravidez. O aborto foi consumado na quarta-feira (4), segundo direção do hospital, sob os cuidados do médico Olímpio Moraes.

Nesse momento, faremos nossa breve análise jurídica:

De acordo com o Código Penal:
Art. 213 - Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça:
Pena - reclusão, de seis a dez anos.

Essa, em apertada síntese, são as considerações sobre a questão jurídica, no caso de enquadramento penal. Todavia, gostaria de analisar o posicionamento da Igreja Católica, em relação ao ocorrido.

A situação é a mais execrável possível. Uma criança estuprada pelo padrasto, fica grávida de gêmeos e por uma iluminação divina de nosso legislador, encontra amparo para abortar uma gravidez indesejável, sem cometer nenhum crime.

Os médicos, na sua prerrogativa e amparados pela legislação vigente, executam o aborto com sucesso, e salvam a vida da menina.

Depois de todos os problemas que a família e principalmente ela, enfrenta nesse momento, pois, esta perdeu de uma vez por todas, aquela inocência e a felicidade de viver, e não se enganem meus amigos, às vezes, nem os melhores tratamentos psiquiátricos do mundo, podem reverter esse quadro, por que isso, não deve ser fácil ou possível de esquecer.

Justamente nesse momento que todos os envolvidos estão precisando daquele consolo material e principalmente espiritual, vem à igreja católica, personificado na imagem do arcebispo de Olinda e Recife dom José Cardoso Sobrinho, excomungar todos os médicos, todas as autoridades, todos os vizinhos, parentes, cachorro e papagaio...

Mas por que essa atitude? Pelo fato de terem aquiescido com o aborto, que salvou a vida da menor, e não a obrigou a carregar em seu ventre durante 09 meses, o resultado de uma conjunção carnal forçada de seu padrasto, que pela visão da igreja, esta teria que educar e dar carinho para essas futuras crianças, que teriam justamente, as feições de seu estuprador.

E para o “taradão”? Qual foi o grande castigo da igreja? Foi apenas uma declaração sobre o que foi feito é feio e não se deve mais fazer isso...

Ora, Sr. José Cardoso Sobrinho, porque ao invés de dar total conforto e amor para essa família, faz declarações dignas do século passado. Será que a igreja católica ainda não esta satisfeita com os seguidores que já perdeu por atitudes como essa? Será que temos que correr para outras religiões, para obter o conforto para a alma que procuramos?

Contudo, Sr. arcebispo, vamos falar sobre o grande exemplo que é a Igreja Católica. Vamos falar sobre a pedofilia que ronda a escuridão dos quartos escuros. Tocaremos nesse assunto e verificaremos se na sua visão, qual é o peso e qual seria a medida para ser excomungado. Ou seja, padre molestando menor pode. Médicos, pessoas sérias, que salvam uma criança, têm que ser excomungados por que a Lei de Deus, que foi escrita pelos homens, diz que isso é pecado capital.

Bem, caro arcebispo, saiba de uma coisa. Pode excomungar quem o senhor quiser, isso é uma faculdade que tem a mesma importância que os seus comentários tiveram, dignos de pena.

Garanto que Deus, o verdadeiro, que vive no templo mas sagrado desse mundo, nosso coração, esta do lado da criança e da equipe médica, pois fizeram o que era certo. Portanto, esse tipo de atitude, só comprova o que muitos já perceberam. A Igreja Católica esta por si só, se desmantelando e ficando ilhada, a semelhança do próprio Vaticano, recluso, com suas concepções milenares e preconceituosas.

Antes de terminar, gostaria de comentar a noticia que escutei no jornal nacional, em seu final, a respeito de uma pesquisa realizada pela igreja em relação à degradação da mulher em seu lar. Foram elencadas várias opções, desde as pílulas anticoncepcionais até programas de televisão. Adivinhem quem ganhou? Quem ganhou, por unanimidade, foi à perversa máquina de lavar. Pois, na opinião dos ditos “especialistas”, ela é culpada na seguinte proporção. Enquanto a máquina lava a roupa, a mulher aproveita para viver um pouquinho e tomar um cafezinho com as amigas.

De acordo com a Igreja, elas deveriam estar se arrebentando na pia, e não vivendo em sociedade com suas amigas. Bom, pelo menos, se a Igreja quiser queimar alguma mulher em uma inquisição, existe o telefone dos bombeiros e, hoje em dia, se não estiverem presos no trânsito, eles chegam rapidinho.


P.S = Cordel recebido por email sobre o fato:
Miguezim de Princesa

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

( Extraído do eu critico )

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Gente Fina

Gente fina é politicamente correta? Se for, não sou gente fina, porque fico muito impaciente com certas cortesias exageradas. Por exemplo, outro dia estava no aeroporto e uma voz no alto-falante convidou a embarcar os passageiros da melhor idade. Se eu tivesse cem anos, entenderia que todos deveriam passar na minha frente. Que melhor idade? Claro que alguém pode estar mais satisfeito aos 80 anos do que quando tinha 40, mas isso é levar em conta o específico. Na hora de generalizar, sejamos menos franciscanos. Milhares de pessoas idosas têm a cabeça ótima e estão realizadas, mas se tiverem bom humor, vão dispensar o consolo: pô, melhor idade é provocação.
O mesmo sobre magros e gordos. Cada um faz o que bem entender com o próprio corpo. Comer com liberdade é um direito e ninguém tem que se sacrificar para atender a um padrão estético, mas que ser magro é melhor do que ser gordo, é. Pra saúde é melhor, pra se vestir é melhor, pra se locomover é melhor, pra dançar é melhor. Não quer dizer que um gordo não seja feliz. Geralmente, são felizes à beça, mais do que muito varapau. Mas se fosse possível escolher entre ser magro e ser gordo sem nenhum efeito colateral de felicidade ou infelicidade, sem nenhum esforço, só no abracadabra, todo mundo iria querer ser magro, assim como todo mundo preferiria se cristalizar entre os 30 e os 50 anos. Eu acho. A não ser que eu esteja louca, o que é uma hipótese a considerar.
Porém, melhor que tudo é ser gente fina. Finíssima. Isso nada tem a ver com a tendência atual de ser seca, de parecer um esqueleto ambulante. Gente fina é outra coisa.
Gente fina é aquela que é tão especial que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa. Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação. Todos a querem por perto. Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões quando necessário. É simpática, mas não bobalhona. É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados: sabe transgredir sem agredir. Gente fina é aquela que é generosa, mas não banana. Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho. Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar. Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente: num boteco de beira de estrada e num castelo no interior da Escócia. Gente fina não julga ninguém – tem opinião, apenas. Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera. O que mais se pode querer? Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa. Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros. Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana, mesmo sendo magra. Gente fina é que tinha que virar tendência. Porque, colocando na balança, é quem faz a diferença.

(texto de Martha Medeiros, publicado no Jornal Zero Hora/RS em 19/outubro/2008)

Não basta ser culto...

Eu acredito que uma das melhores coisas para se ter na vida é o conhecimento. E claro que apesar de singular, essa palavra é 'multisignificativa', ou seja, não falo desse ou daquele conhecimento, mas sim, de saber quanto mais se pode de quanto mais se deve.
A tendência natural é quanto mais profundo você vai se tornando, mais você naturalmente vai se afastando daquele senso-comum ( ainda tem hífen? ) que ronda a sociedade. E quanto mais nos sentimos diferentes do meio, tendemos a ficar cada vez mais rudes e arrogantes com aqueles que não conseguem alcançar o mesmo nível intelectual que nós julgamos ter. O problema está aí! Não basta ser culto e ser babaca. Não basta saber falar sobre qualquer assunto, mas ser pré-potente ( com ou sem hífen? ) com aqueles que não sabem. Eu acho que esse é o verdadeiro desafio. Quanto mais sábio o sujeito se torna, mais ele tem que se policiar pra não ser deselegante com os outros. Ninguém tem a obrigação de saber ou de gostar de aprender tanto quanto você. O mesmo vale para aqueles que acham que sinônimo de sabedoria é se isolar no alto da montanha pra refletir sobre a vida. Sócrates dizia que o sábio só é sábio quando compartilha o conhecimento, portanto, de nada vale você saber muito e isolar o que você sabe da sociedade. Tem uma frase do Guimarães Rosa, extraída do Grande Sertão Veredas, que diz que 'mestre não é aquele que sempre ensina, mas sim, aquele de repente aprende'. Portanto, ninguém é suficientemente inteligente que não seja passível de aprendizado. Ninguém.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eu quase morri.

Hoje eu quase morri. E não é no sentido figurado. O mais estranho de quase morrer é você perceber como a vida é efêmera. De uma hora pra outra, em fração de segundos, tudo podia ir por água abaixo. E é impactante você sentir isso. Por mais que a gente saiba que a vida é curta, vivenciar essa pequenice na pele não é uma das melhores experiências. Imagina quanta coisa ia ficar sem final? Ia ser menos um na chamada do colégio, menos um amigo na lista do Orkut ( embora ele ainda continuasse lá, como um fantasma, recebendo mensagens e mais mensagens de saudade, muitas delas hipócritas até ); Ia ser mais uma mãe sem filho, mais um caso pra estatística... Sem querer ser muito egocêntrico, mas ia ser esquisito. Pensar que eu podia não ver mais ninguém, ia mesmo ser esquisito. E tudo que a gente planeja? E tudo que de uma hora pra outra pode de repente não acontecer? A linha que divide a vida da morte dura o tempo de um piscar de olhos. Aliás, aos que estão se questionando como foi isso, eu explico. Saía eu do dentista com mais dois amigos, quando passei pelo colégio Liessin, em Botafogo. Havia um verdadeiro fogaréu, ou melhor, uma fumaceira que dava indício de fogo subindo pelos muros e as pessoas nada estavam fazendo. Temendo o pior, que explodisse alguma coisa, imaginando o caos que isso geraria na rua, o nível de acidente que isso podia causar, peguei o celular e fui ligar para o Corpo de Bombeiros. Eis que surge o caos! Vem um sujeito em alta velocidade numa bicicleta, na contra mão, balbucia uns grunhidos e não satisfeito, bate em mim. Sorte é que a roda da bicicleta parou entre as pernas, não bateu diretamente no joelho, o que fez com que eu conseguisse me desvencilhar da roda e caísse no meio da São Clemente. Os que conhecem esta rua, sabe que ela é uma das principais ( senão a principal ) rua de Botafogo, o que faz com que o fluxo de carros, principalmente as 18:00 hrs seja muito intenso. Outra sorte que dei foi que os carros, ônibus e motos pararam, fazendo com que eu conseguisse rapidamente rolar até a calçada. Reerguido, percebi que só havia ralado levemente a mão e o joelho, já que algum tempo praticando lutas me fizeram aprender a cair de uma forma mais branda. Como diz um texto da Elisa Lucinda: “(...) Ainda quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.” Portanto, pra alegria de uns e tristeza de outros, quasse morri, mas estou vivo. E enquanto vivo, continuarei a escrever.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Leis Bizarras!

Bem, sem querer, acabei lendo no jornal umas duas ou três leis bizarras que existiam pelo mundo. Resolvi dar uma pesquisada e fiz um apanhado pra vocês de uma série de leis bizarras de diversos países... lá vai:
- França
o Entre as 8 da manhã e as 8 da tarde 70% das músicas tem de ser de artistas franceses.
o É proibido beijar alguém no metrô.
o É proibido batizar um porco com o nome de Napoleão.
o É proibido fotografar políciais e suas viaturas inclusive quando saiam em segundo plano.
- Alemanha
o Uma almofada pode ser considerada como uma arma passiva.
o É proibido andar de máscaras pela rua.
o Em qualquer escritório há de se poder ver pelo menos parte do céu.
- Dinamarca
o Tentar escapar da prisão não é ilegal, no entanto, se for pego terá que cumprir o resto da condenação.
o Ninguém pode pôr em movimento seu veículo se há alguém embaixo dele.
o Os restaurantes não poderão cobrar pela água a não ser que não esteja acompanhada com algo mais, como gelo ou uma fatia de limão.
- Suécia
o A prostituição é ilegal, usar o serviço de prostituição não é.
o É proibido repintar tua casa sem uma licença do governo.
- Inglaterra
o A lei autoriza às vendedoras a fazer topless em Liverpool, mas somente em lojas de peixes tropicais.
o É ilegal pendurar roupa de cama na janela.
o É proibido pescar salmão nos domingos.
- Canadá
o É ilegal tirar o curativo em público.
o Em Alberta, se você esteve preso e foi liberado, tem direito a pedir um arma carregada e um cavalo para sair da cidade.
o Em Ottawa a lei proibe chupar picolé no domingo atrás do Banco.
o É proibido tentar aprender bruxaria.
- Colômbia, Cali
o A primeira vez que a mulher tiver relações com seu marido, a mãe dela deve estar no quarto para testemunhar o ato.
- Mexico
o É proibido queimar bonecas
- Bolívia, Santa Cruz
o É ilegal para um homem ter relações com uma mulher e sua filha ao mesmo tempo.
- EUA, Alabama
o É proibido jogar dominó no domingo.
o É ilegal usar bigode postiço que cause risos na igreja.
o Colocar sal nas linhas ferroviárias pode ser castigado com a pena de morte.
o Os homens não podem cuspir diante das mulheres.
o É proibido vender amendoim após o entardecer das quartas-feiras em Lee Country.
- EUA, Nova York
o É proibido passear com um sorvete de casquinha na bolsa nos domingos.
- Greene, Nova York
o É ilegal comer amendoins e andar para atrás pelas ruas quando há um concerto.
- Atlanta
o É proibido amarrar uma girafa a um poste de luz.
- Chicago
o É proibido comer num lugar que esteja pegando fogo.
- Columbia, Pensilvânia
o É proibido que um instrutor faça cócegas no aluno de auto escola para chamar sua atenção.
o É proibido estourar balões na rua.
o É proibido cantar no chuveiro.
o Não se pode segurar um peixe por outra parte que não seja a boca.
o É proibido dormir num congelador.
- Carolina do Norte
o É ilegal praticar sexo no pátio da igreja.
- Blythe, Califórnia
o Uma pessoa deve possuir ao menos duas vacas para poder usar botas de cowboy em público.
- Denver
o É ilegal emprestar o aspirador de pó ao vizinho.
- Pocatello, Idaho
o Uma lei que remonta a 1912 decreta que "é proibido levar armas ocultas, a não ser que sejam exibidas".
- Seattle
o É proibido a entrada de monstros nos limites urbanos. ( monstros?? )
- Wilbur, Washington
o É ilegal montar num cavalo feio.
- Tulsa, Oklahoma
o É contra a lei abrir uma garrafa de soda sem a supervisão de um engenheiro graduado.
o É ilegal que o dono de um bar permita que alguém finja ter sexo com um búfalo.
o Os cães devem ter uma permissão assinada pelo prefeito para reunir-se em grupos de três ou mais numa propriedade privada
o É ilegal pôr uma pessoa hipnotizada numa vitrine.
- Texas
o Quando dois trens chegarem juntos num cruzamento de vias, ambos devem parar completamente, e nenhum deve seguir adiante até que o outro tenha ido.
o Proibido possuir um alicate.
- New Hampshire
o Proibido bater os pés ou mover a cabeça ou de qualquer forma seguir o ritmo da música numa taberna, restaurante ou cafetería.
- Massachusetts
o Os cães devem ter as patas traseiras amarradas durante o mês de abril.
- Rhode Island
o É vedada a venda de pasta de dentes e escova de dentes ao mesmo cliente nos domingos.
- Ohio
o É ilegal colocar um peixe dentro de uma camisinha.
o Ninguém pode ser preso em 4 de julho e nem no domingo.
o As mulheres não podem usar sapatos de couro que permita aos homens ver as suas roupas íntimas através do reflexo.
o É proibido dar mais de 100 voltas na cidade.
- China, Hong Kong
o É ilegal inscrever-se na Universidade, a não ser que você seja inteligente.
- Israel
o É proibido meter o dedo no nariz aos sábados.
o Em Haifa é proibido levar ursos à praia.
- Guam
o Há homens em Guam cujo único emprego, bem pago diga-se de passagem, é viajar pelo pais para deflorar virgens. A razão é que pelas leis de Guam, é proibido que as virgens se casem.
- Austrália, Victoria
o É ilegal passar graxa de sapato na cara.
- Natchez, Missouri
o É proibido que os elefantes tomem cerveja.
- Michigan
o Crocodilos não podem ser amarrados a hidrantes.
- Baltimore
o É ilegal levar um leão ao cinema.
- Florida
o É ilegal fazer sexo com um ouriço.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Algo havia mudado.

Olhou pra frente e viu que já não era o mesmo. Não era o mesmo corredor, o mesmo caminho e nem o mesmo lugar. Viu que tudo ali estava meio diferente, e percebeu naquele momento que já não era mais quem pensava que fosse. Sua virtude o havia levado a um caminho diferente, um tanto quanto cinza. Enquanto caminhava, não sentia nada. Não encostava na parede com o mesmo gosto, não encontrava nos corredores os antigos passos... nada. Ele só andava. Talvez quisesse disfarçar a dor que se sente em ser justo. Continuou a procurar as conversas, as risadas e as vozes, já antigas, bem baixinhas, que ele podia ouvir em outros tempos... hoje andava no silêncio. Seus passos eram calmos e firmes, como de quem não se arrependesse, mas que pensasse que a qualquer momento tudo pudesse voltar a ser como antes. Mas agora era tarde. Aqueles rostos, aquelas vozes e aqueles passos já não cruzavam mais seu caminho como antes. Triste, ele havia olhado pra frente e percebido que já não era mais o mesmo. Nem o mundo ao seu redor.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Eu não morreria em filme de terror.

Cheguei a conclusão de que eu não morreria em filme de terror. E pior, cheguei a conclusão de que quem morre em filme de terror merece morrer. Não é verdade?
Você vê espírito, sabe que onde você tá tem um espírito assassino e que está atrás de você e mesmo assim você passeio de madrugada pela casa como se nada estivesse acontecendo?
Não entendo aquelas pessoas que estão sendo perseguidas pelo assassino e ao invés de sairem pela porta, elas sobem a escada e se trancam num banheiro com uma janela MÍNIMA que mal passa a perna dela, no fim do corredor.
Outra coisa que não entendo são aquelas meninas de seriados e filmes adolescentes que cismam em nadar naquelas piscinas que ficam dentro de ginásios. Nunca tem ninguém e você sabe que provavelmente ela vai morrer lá!
Você ouve o barulho, grita umas 3x o nome de conhecidos, não ouve nenhum som familiar e ainda sim continua procurando, sozinho, o que está fazendo o barulho. Passa correndo pela cozinha e não pega UMA FACA! É um assassino pra 6 mocinhos e eles resolvem se separa do nada ou bater um papo beeem longo refletindo sobre o porque daquele assassino matar.
E o preparo físico dos serial killers? Eles parecem que treinam com os quenianos para correr daquele jeito. Aliás, pior mesmo é quando a vítima em potencial corre que nem uma condenada, vira 3 esquinas, sobe a rampa, cruza o viaduto, se esconde num beco, e o assassino, que vem ANDANDO calmamente sempre tá na cola dela. Como pode ela não ter nem uns minutos de vantagem? E porque sempre nessas corridas ela tropeça e demora horas pra levantar?
Outro absurdo são as pessoas que se metem naquelas florestas sombrias onde sempre tem a famosa fumacinha, e em vez de subir numa árvore e ficar la até de manhã ou coisa do tipo, corre pra estrada e vai falar com o xerife que geralmente é amigo do serial killer!
E os personagens que sempre morrem? Aqueles que querem se fazer de machões, vão na frente, etc; estéricas que só sabem gritar e dizer: Por favor não me mate, ou : Pelo amor de Deus, não; os que querem fazer sexo no meio do nada, ou ainda, estão numa casa em que estão acontecendo mortes horríveis e lá vão eles; os bobos, sem graça que adoram dar sustos nos amigos; Os policiais idiotas que nunca ajudam ninguém e não fazem nada de útil.
Filmes de terror adolescente normalmente começam com algo do tipo "a turminha foi fazer uma festa em algum lugar perigoso e ficou presa. Mas também tinha algo lá."
Normalmente eles fazem algo totalmente idiota e ninguém tem a idéia brilhante de "não vamos fazer isso" e no fim só sobra um ou um casalzinho. Esse um mata o vilão e se dá bem.
Resumindo: Os filmes começam em média com 6 à 10 personagens, surge um assassino e todos eles morrem, menos o personagem principal, e eles fazem parecer pra você que esse foi um final feliz... mas se você ouvir no RJTV que 10 jovens foram acampar e 1 homem fez uma chacina sanguinária, só sobrando 1, você vai dizer que foi uma tragédia. Isso porque você não sabe que o sobrevivente era o mocinho...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Simpatias antipáticas

Esse é o primeiro post do ano e assim sendo, vem carregado de possibilidades. Tem gente que abusa das simpatias na hora da virada de ano, assim como tem gente que abusa das simpatias o ano inteiro. Pra esse tipo de gente são criadas a cada dia mais revistas místicas, que ocupam, cada vez mais, intermináveis prateleiras nas bancas de jornais, deixando o espaço cada vez menor e mais restrito a preciosidades literárias, como 'A Turma da Mônica', por exemplo.
Tem simpatia que até dá pra achar bacana, umas que tem algum nexo ou que seja de algum tema consistente. Mas com a popularização, inventaram simpatia pra tudo. Simpatia pra seu filho ser obediente, pro seu marido não te trair, pra você não ser demitido, pra você ter tudo que você quer, afastar a inveja e, adivinhe, ganhar na loteria. Se bobear já existe até simpatia pro seu cachorro não defecar fora do jornal, ou pro seu papagaio expandir o vocabulário. Imagino eu que a pessoa que escreve livro de simpatia tenha a vida perfeita. A casa que quer, a família que quer, o dinheiro que quer – e não é pouco, visto que ali em cima ela ganhou na loteria -... Movido por esse assunto, dei uma vasculhada e selecionei umas simpatias que nem com reza braba dá pra engolir:

- Para perder a barriga: De manhã ao levantar, antes de iniciar a jornada, encoste a barriga na parede da sala ou cozinha, por três vezes e diga : vai embora barriga. À noite antes de dormir faça o mesmo. Faça esta simpatia por quinze dias. Não se sabe porquê mas funciona. Agora se não der certo com você é melhor um exercício abdominal. ( Quer uma simpatia mais eficaz? Toma Herbalife por quinze dias e compara. )
- Filho não ter medo de chuva... ( Essa é enorme e envolve muitas entidades católicas. Além de ocupar espaço demasiadamente grande aqui na página, não ajudaria ninguém, eu acho... )
- Simpatia para acordar cedo sem perder a hora: Na hora que for dormir, rezar um Pai-Nosso, 1 Ave-Maria, 1 Glória-ao-Pai, e depois pedir para Santa Maria que o acorde a tal hora. Se fizer com fé é infalível! ( Não é mais fácil comprar um despertador? O tempo que você perde fazendo isso, acaba nem dormindo. )
- Para espantar a saudade: Quando tiver saudade de alguem que está muito longe faça a seguinte simpatia. Pegue 2 pombos e prenda-os durante 24 horas. Em seguida solte-os e diga as seguintes palavras: "vai contigo e não volte nunca mais a saudade que tenho dentro de mim". ( Pombo de rua? Eu espanto a saudade e pego uma doença braba! )
- Para diminuir umbigo grande do bebê: A mãe deve bater um prego novo em um cupinzeiro. Na medida que o prego some pela ação do cupim, o umbigo vai diminuindo. ( Se for assim, o filho do carpinteiro já nasce sem umbigo... )
- Simpatia para conquistar um viúvo: Pegue um pedaço bem pequeno de uma peça íntima sua, molhe em perfume de alfazema e dê um jeito de colocá-lo num bolso do viúvo que quer conquistar, sem que ele perceba.
- Para parar chuva: Esta simpatia deve ser feita na hora em que a chuva intermitente der uma folga. É só pegar uma folha de papel em branco, amassar e fazer uma bolinha com ela. Embrulhe com outra folha, dando uma torcida e amarre com um barbante formando uma boneca. A bonequinha deve ser pendurada na janela ou na varanda da casa para espantar chuva. ( Se o vizinho fizer a simpatia da chuva, acontece o que? Chove na casa dele mas na sua não? Sem contar que essa coisa de bonequinha parece mesmo magia negra. )
- Simpatia para acertar no jogo do bicho: Pegue 7 grãos de milho e quando der meia-noite, coloque-os debaixo da cama. Durante a madrugada você vai sonhar com o bicho que vai dar no dia seguinte. Aposte durante 3 dias seguidos. Pode repetir a simpatia quantos dias quiser. ( Quem pensa em jogo do bicho, quando já tem simpatia pra ganhar na megasena? )

Em breve, aliás, o blog terá uma mudança significativa, mas não vou me precipitar pra não estragar a surpresa. Aguardem! =)