Certa vez ouvi um médico falando que “o câncer é uma célula que esqueceu de morrer”. Essa explicação me fez lembrar que na vida, tudo tem seu prazo de validade. As vezes evitamos o começo, que até pode não acontecer, mas o fim é inevitável. Sábio o poeta que disse que o eterno só existe enquanto durar. Ele viu o que fingimos não ver.
As lembranças são como as células. As piores lembranças são aquelas que esquecem de morrer. Anulam o fim, tapam os olhos e se acreditam no presente. Foi passado. É passado. Mas elas ignoram e fingem não ver. Pretensiosas, agem como se existissem. Vez ou outra confio numa dessas lembranças-câncer e faço tudo errado.
Preciso de tratamento. Vou ligar para o plano de saúde e ver o que eles cobrem. Será que eles tem quimioterapia na memória? É disso que eu preciso.