domingo, 31 de janeiro de 2010

Tudo que eu quero

Tem horas que sou grande
E aí tudo que toco é um pouco eu.
Porque de tão grande que estou,
vou me dividindo em todas as pequenas coisas que encosto.

Tem horas que sou pequeno
E aí tudo meu é miudo.
Porque de tão pequeno que estou,
mal quase apareço.

Mas tem horas que não sou nada.
Nem grande, nem pequeno,
Sou assim, coisa alguma.
E nessas horas é que costumo ser tudo que eu quero.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Temor Nietzschiano

 Tenho lido muito Nietzsche ( mais sobre ele do que ele, na verdade ) e ler a sua biografia me fez ficar com um certo temor: "Tenho medo de viver como Nietzsche, isolado, solitário, e passar o fim da vida, louco, aos cuidados da minha família."

domingo, 17 de janeiro de 2010

Isabel

Conheci uma menina tão graciosa
que se eu contar parece mentira
Oh! Isabel!
quando andava, caia um pouco de charme das cadeiras
quando falava, saia um pouco de poesia da boca
Mas quando me fitava,
ah! Quando me fitava com os olhos, me vinha um convite
de chegar pertinho
sentar juntinho
fazer chamego
Não sei quantos mais amoleceram na sua presença
Só sei que eu, fitado nesse olhar de Medusa
Estou aqui, parado, estático, esperando você voltar

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Grrrrrr


É o peito batendo forte, pulsando firme, quase saindo pela boca. É o sangue subindo quente e descendo ainda mais veloz. É a boca comprimida, é o olhar apertado, é a mão fechada. É o suor escorrendo, o calor transbordando pelos poros, invadindo tudo ao redor. É a raiva que chegou violentamente me tirando a razão.


sábado, 9 de janeiro de 2010

Dedos engasgados

 Quando estava escrevendo, meus dedos engasgaram. Engasgou de tal jeito, que todas as palavras saíram gaguejadas. Nada agora presta, tudo virou um apanhado de sílabas repetidas.


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Frase do dia

Eu passo tanto tempo na auto-escola, que assisto a mesma aula várias vezes e acho que é novidade.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Urbano e rural

 Tem dias que acordo urbano e só o que quero ver é cimento. Me conforto com prédio, me alegro com carro, me ponho erguido com a fumaça que sai dos motores e com o falatório do semáforo fechado na hora do almoço.
Mas tem dia que acordo rural. E aí, preciso de verde, de vegetação, de vida que nasce da terra e vive da chuva e do sol.
Quando acordo urbano, a natureza me oprime e me sinto metade. Quando acordo rural, é a cidade quem me amedronta e é a outra metade que aparece. Mas só de acordar vivo, já me sinto feliz. E completo.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Boris Casoy e o caso dos garis

 Estava ontem vendo um jornal na Tv Bandeirantes – vulga Band – quando de repente surge o rosto do Boris Casoy, focalizado, pedindo desculpas pelo que disse no dia anterior, o áudio estava aberto e ele acabou falando coisas que não devia, ofendendo a todos os garis.
Como não havia visto jornal no dia anterior, fui procurar o vídeo no Youtube e constatei que o caso é ainda mais grave. O último Jornal da Band de 2009 acaba com dois garis desejando felicitações para o ano que se inicia, saúde, sucesso, dinheiro... enfim, o que todos desejam. Eis que se ouve ao fundo Boris Casoy dizer: “Que merda! Dois lixeiros, no alto de suas vassouras... Dois lixeiros, o mais baixo na escala do trabalho!” ( clique aqui para assistir )
E enquanto via, me questionava como um sujeito como ele, sendo um dos jornalistas mais considerados do país, consegue ter uma opinião tão mesquinha, tão nojenta, tão ridícula como essa. Como pode ele, que vive colocando o dedo na cara e dizendo: “Isso é uma vergonha!” ser capaz de pensar assim? E ao mesmo tempo me pergunto o que será que há na biografia de Boris Casoy para ele se considerar tão especialmente melhor e mais capacitado na escala do trabalho?
Na Inglaterra, um Dj foi demitido simplesmente por dizer que o discurso da Rainha Elizabeth II era 'chato'. Somente por isso. E aqui no Brasil, uma ofensa deste tipo, será relevada com um simples pedido de desculpa?
Uma vez tive um professor que disse: “Credibilidade é algo que se demora anos pra construir, mas em um minuto pode acabar.” No caso deste senhor, foi preciso até menos que um minuto, bastaram 15 segundos. Agora, Boris Casoy faz jus ao seu bordão: Ele é uma vergonha.


Mudança


   Esse clima de mudança de ano faz a gente lembrar o passado e planejar, ainda que só em teoria, o futuro. E nessa de lembrar o que passou, andei lendo umas coisas antigas aqui do blog, ou outras que aqui não estão, mas guardo como acervo, e confesso que fiquei surpreendido. Antes eu era do concreto, do real, do que fazia sentido. Da crônica, da crítica, do protesto social. E agora, tudo que escrevo é mais lúdico, mais poético, mais abstrato. Eu, que sempre fui do reclamar abertamente, me vi falando tudo nas entrelinhas. Ainda não sei como isso foi acontecer, nem qual momento exato do acontecido, e muito menos se isso é bom ou ruim. Ou eu me achei, ou eu me perdi. Ou nada disso, talvez eu só tenha mudado.