terça-feira, 26 de julho de 2011

Do valor de ser precioso

Se adular com o reluzente,
é tapar o ouro que não brilha,
mas pesa.
E que peso, afinal, tem o tal ouro
diante de carvão cristalizado?


Não se pode, por ventura, hostilizar,
nem depredar o pobre esplendor.
O ouro -embora convenção-
tem ainda o seu valor.

Mas o que reluz não me impressiona,
nem me tira do lugar.

O que vive de mostrar reflexo,
o que sobrevive da exatidão,
tem hora-dia-mês
e prazo de duração.

Se o ouro é precioso
e se engrandece na lapidação
o valor afinal, é do ouro
ou da mão do artesão?

O que transpassa, obviamente,
sempre me teve mais valor.

Que chata são as coisas que vivem
de ser-se apenas.
Eu não quero ser o que sou
e só.

Eu quero ser além

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Não me importa o final

Não me importo com finalidades.
O que sai de um ponto,
E necessariamente chega em outro,
Não me toca.
Tudo que me vale é o meio da linha.

Eu não vou para lugar nenhum,
Pois nunca estive em nenhum lugar.
Estou sempre na metade do caminho.
-preso-
 Entre o que eu quero ser,
e o que, invariavelmente,
 fui.