Não sei se pela tua branquidão de
porcelana ou se pela delicadeza do toque dos seus dedos, finos e firmes,
enquanto enxuga o meu suor.
Não sei se pelo teu descaramento
velado ou se pela tua timidez ousada.
Não sei se pela nossa diferença ou
se pelos caminhos tortos que nossa mente toma e, sem saber também porque, acaba
por se encontrar no final das coisas todas.
Não sei se pelo jeito que sorri nas
fotografias ou se pela cara de sono quando me acorda atrasado pela manhã.
Não sei se pela mancha de lagoa no
seu braço esquerdo ou se pela cicatriz discreta nas tuas costas.
Não sei se pela impaciência da
incompreensão ou se pela gentileza do ouvido quando a lágrima cai.
Não sei se pelo jeito que me
observa caminhar ou se pelas cócegas que descobre em mim mesmo depois de já ter
adultecido.
Não sei se pela vontade de ter mais
vidas ao teu lado ou se por sentir que cada dia com você é uma vida que
aumenta.
Não sei se tudo há de ter uma
explicação, porque você foi um desses descaminhos que tomei na vida e, quando
me vi, já estava amando.
Por que eu gosto de você há de ser
um mistério irrespondível.
E que ele me obrigue, então, a permanecer ao teu
lado em busca da resposta, que nunca virá.
Imagem e frase do escritor Fabricio Carpinejar