quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Curiosa constatação

As vezes as palavras me saem tão rápido, fulminando o papel de letras, que nem sinto que escrevo, sinto que psicografo.

Conselho de velhice

Quando comecei na vida, ninguém me falou da importância dos minutos. Falaram sobre fogo, rua, parapeito e tesoura, mas ninguém, uma pessoa sequer, me falou do quanto vale 5 minutos. Portanto, nessa minha velhice aturdida de fantasmas, se tivesse que deixar só um conselho, não hesitaria em deixar este: valorize cada minuto. São os 5 minutos que você não viveu que mais lhe farão falta o fim da vida.

sábado, 24 de outubro de 2009

As não-escolhas é que importam.

Estou numa fase de escolhas. Ano de vestibular, as opções são muitas e as possibilidades infinitas. Pensando a respeito disso, concluí que o mais difícil não é fazer uma escolha, mas saber que uma escolha exclui automaticamente todas as outras. Se eu sou brasileiro, elimino automaticamente todas as outras opções. Se eu estou feliz, a mesma coisa acontece. E é aí que eu pretendo chegar: A dificuldade não está nas escolhas que fazemos, mas sim, na que automaticamente deixamos de fazer. Porque são as possibilidades da nossa não-escolha que nos deixam nervosos, indecisos e confusos. E são essas mesmas não-escolhas que fazem, no futuro, a gente olhar pra trás e imaginar como seria se não tivéssemos escolhido o que escolhemos.
O que a gente decidiu já está decidido. Mas o que seria de nós, hoje, se tivéssemos optado seguir a direita ao invés da esquerda? Se naquela tarde vazia tivéssemos ligado para outra pessoa? Se optássemos por namorar a Maria ao invés da Joana? O que seria de nossa vida se ao invés de fazer o que fizemos, tivéssemos feito outra faculdade? E se, se, se...
Portanto, pouco importa o que você vai fazer ou escolher. O que importa de fato, depois, é o que você não fez. Porque o que você já fez, o caminho que escolheu, você já conhece aonde vai dar. Mas o que você não fez, aquela festa que você não foi, aquela viagem que você nunca fez, ronda no campo da imaginação e das possibilidades, pisa no incerto e talvez a fantasia se encarregue de deixar tudo muito melhor.
E falando em possibilidades, afinal me diga: O que seria deste textículo se eu não o tivesse escrito? E o que você estaria fazendo, se não estivesse lendo-o agora?

     E como informação complementar, colocarei esse trecho do Fernando Sabino que achei super pertinente ao assunto: "Meu erro foi acreditar que a vida poderia fornecer material para a minha Literatura. Viver escrevendo. Não escrevi o que devia - este foi o meu erro.
     Escrever é renunciar - eu não sei renunciar. Gide disse que o diabo desta vida é que entre cem caminhos, temos de escolher apenas um e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove. Pois bem: a Literatura é como se você tivesse de renunciar a todos os cem..."

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

(quase) Poemeto da obsessão.

Estou de saco cheio
vê se some assombração!
me cercando pelo meio
não dá sossego, não

Eu vou pra lá, caio pra cá
tento, tento e não consigo
Porque cismar de ficar assim
tão obsessiva comigo?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"Realidade" virtual?

Como amante da psicologia e do comportamento humano, acho curioso um fenômeno que ocorre com uma certa frequência em redes de relacionamento – mais especificamente o Orkut – que é caracterizado por pessoas que para disfarçar o fato de serem socialmente excluidos/discriminados na vida real, criam uma identidade virtual absurdamente exótica e restringem o acesso a seus perfis como se fossem controlar a vaga de um concurso público. Colocam textos enormes em seus perfis, dizendo sobre a dificuldade que é ter acesso ao seu seleto grupo de amigos de 'apenas' 800 amigos – muitas vezes tão exóticos quanto eles. Tudo começou quando alguém resolveu criar a frase: “Quando add, deixa scrap.” Até aí tudo bem, sou até em parte partidário disso. O problema é que teve gente que transformou essa frase numa possibilidade de ascensão social e coloca textos mandando os que pelo perfil passarem que cuidem de suas próprias vidas, muitas vezes associado a um tom arrogante e prepotente, como: “Sei muito bem o que faço e não preciso da sua opinião, até porque não te pedi pra opinar em absolutamente nada, então vai fazer algo útil pra sua vida, e tomar conta dela ao invés da minha. Eu não vou te adicionar porque você me achou bonitinha. Se for adicionar, deixa pelo menos uma porcaria de um recado avisando quem é porque se não eu não vou te aceitar, se não te conhecer.”
Caso similar acontece com quem apaga recado, não pra preservar a privacidade, mas pra omitir o fato de quase ninguém lhe manda mensagem. Ou ainda aquela pessoa que bloqueia depoimentos sem sequer ter algum. Triste quem vive essa realidade construída. Quando eles vão aprender que a vida é pra ser vivida, do jeito – estranho ou não – que você é?

sábado, 10 de outubro de 2009

Comédia trágica é uma tragédia.

Acabo de assistir 'Divã', elaborado pela minha caríssima Martha Medeiros, e senti por ele o que sinto por todos esses filmes que se disfarçam de comédia mas que são mais tristes que um monte de filme de drama. Juntos!
O filme começa com a Lilian Cabral, que entendiada com o casamento, acaba buscando uma experiência fora dele. Se envolve então com o Reynaldo Gianecchini, se separa, faz sexo na boate com o Cauã Reymond e (re)descobre prazeres que ela achava já ter perdido. Até aí tudo bem.
Eis que vai se aproximando do final e dá-se a catástrofe! Ela não arruma ninguém, não volta para o marido e sua única e melhor amiga morre de um câncer raro e fatal.
Caso igual acontece com outro sucesso de bilheteria, o simpático e divertido “Marley & Eu”. Concordo que ele seja assim do início até a metade. Mostra o casal no começo de namoro – ou casamento talvez -, as alegrias e diversões de começar uma vida a dois e a chegada do então filhote Marley. Do início até a metade do filme mostra o desenvolvimento dessa família, o crescimento do cachorro, a ascensão profissional do marido... enfim, vai narrando a vida dos personagens e o desenrolar dos fatos. Porém, do meio até o final, mostra o cachorro envelhecendo, definhando e a família entrando numa tristeza sem fim, que tem como ápice a sua morte.
Agora me diga você: Isto é comédia? A gente passa o filme todo rindo, pra chegar no final todo tristonho e reflexivo? Eu proponho que nas capas dos filmes estivessem escrito não só 'comédia' ou 'drama', mas 'comédia com teor dramático' ou 'meio comédia meio drama'
Eu acho essa enganação uma crueldade. Quando vejo comédia, vejo para rir, rir e rir mais um pouco. Fazer chorar já é sacanagem...