quarta-feira, 23 de março de 2011

Amada

Torno minha vontade a vontade dele
E me deixo levar pela sua melodia
A voz doce com que fala em meu ouvido
Enquanto me puxa quando vou embora

Comigo ele é assim.
Doce,
Quando me digere devagar.

Ele tem o dom
de embalar todo o meu corpo
Meu desejo e minha vontade
Com a sutileza de quem respira baixo
Para não acordar

Ele me cria feito semente
E me deixa nascer por inteira ali
No canto
fértil
Da sua boca

segunda-feira, 21 de março de 2011

Rascunho

Quando tomo um papel e uma caneta,
logo me vem o desejo de escrever poemas.
Não sei escrever as coisas planejadas,
fui dispensado da reunião dos que sabem demais.

Acredito que exista um lugar onde as palavras convivem, umas com as outras, até ficarem bem velhas e gastas e forem postas numa dessas gramáticas ilustradas para assustar estudantes. Palavra também fica triste e chora, chora, em cada ponto final.

Escrevo poemas como quem busca tirar a pedra do contorno da escultura.
Não tenho como pretensão imortalizar palavra nenhuma.
Aliás, não escrevo poemas nem com a pretensão de que assim o sejam.
Escrever com a alma é desapegar-se do que se pretende. Mas é assim mesmo que eu gosto.
Há um charme inexplicável para o que existe além das linhas.

E dirão que esse texto não tem sentido e perguntarão o que deu em mim.
Nem tudo existe para fazer sentido, responderei. Nem mesmo eu.