sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Fidel diz: - Hasta la vista!

Nessa terça-feira ( 19/02/2008 ) acompanhamos um momento histórico. Está certo que a todo momento fazemos história, mas a história de terça-feira marcou a história. ( perdoe a redundância, mas gostei do efeito " a história marcou a históra " )
Piadinhas à parte, Fidel escreveu uma carta renunciando a presidência de Cuba. A renúncia foi divulgada por meio de uma carta publicada no jornal oficial do país, o "Granma".
"A meus caros compatriotas, que me deram a imensa honra de me eleger, recentemente, como membro do Parlamento (...) comunico que não desejarei nem aceitarei - repito - não desejarei nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante Chefe", diz a carta.
"Desempenhei o honroso cargo de Presidente ao longo de muitos anos. (...) Sempre dispus das prerrogativas necessárias para levar adiante a obra revolucionária com o apoio da maioria do povo", continua o texto publicado nesta terça.
Fidel fala ainda das limitações que os problemas de saúde trouxeram, ressaltando que "trairia sua consciência assumir uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total, o que não estou em condições físicas de oferecer." E acrescenta: "Falo isso sem drama."Na carta, ele lembra que "o adversário a ser derrotado é muito forte" e encerra com uma mensagem para o povo cubano: "Não me despeço de vocês. Desejo apenas combater como um soldado das idéias. Continuarei escrevendo sob o título "Reflexões do companheiro Fidel". Será uma arma a mais no arsenal com a qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso".As reflexões citadas por Fidel são publicadas no "Granma", o jornal do Partido Comunista Cubano. Os textos falam de política doméstica e internacional, servindo como um meio de comunicação com a população do país e, conseqüentemente, divulgando as idéias de Fidel para o mundo todo. ( trecho )
Fidel exerce o cargo de presidente de Cuba, desde a Revolução Cubana (1958-1959), que derrubou o governo pró-americano do general Fulgêncio Batista. Só pra dar uma explicação pros mais desatentos e alienados, a Revolução Cubana tinha caráter essencialmente nacionalista e socialista, pois recebeu forte influência do 'companheiro' Ernesto Che Guevara ( conhecido como 'Che' ) e do irmão de Fidel, Raúl Castro. ( Raúl é o que está assumindo a presidência!)
Após a revolução, Fidel Castro aproxima-se da União Soviética, fazendo de Cuba uma aliada do socialismo na América-Estadunidense. Fato que fez com que os Estados Unidos passasse a tratar a ilha como uma perigosa inimiga. Os Estados Unidos, na década de 1960, implantou um bloqueio econômico a Cuba, influenciando também na expulsão do país da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Após a revolução, Fidel implantou um sistema socialista na ilha, acabando com a desigualdade social entre os cidadãos cubanos. Durante a Guerra Fria, a economia que Fidel implantou contava com o apoio da União Soviética. Após a queda do Muro de Berlim e o fim dos regimes socialistas na Europa Oriental, Cuba começou a passar dificuldades sem os investimentos soviéticos. Atualmente, embora possua bons sistemas educacional e de saúde, os cubanos sofrem com as dificuldades financeiras.

Enfim, Fidel é um homem polêmico e de opiniões marcantes. Por onde passa, sua bravura e exemplo, deixa uma legião de seguidores e enchem a cabeça dos mais novos de um sentimento revolucionário puro, assim como seu compatriota Ernesto Guevara.
E como bem disse um desses admiradores ferrenhos ao qual tenho acesso, Carlos Eduardo [Carlucho], daqui a 30 anos, estarão os mais novos estudando o dia 19/02/2008 nos livros de história.


Ernesto 'Che' Guevara Fidel Castro

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Da sociedade para a sociedade

O ser humano é naturalmente pacífico. Eu falo naturalmente em termos de estatística, pois, sempre existe alguma violência nos nossos instintos, mas em sã consciência, uma pessoa 'normal', evita qualquer situação violenta, quando se tem alguma outra alternativa, é claro. Como se explica o fato de que a cada 13 minutos um brasileiro é assassinado (dados da UNESCO) ? Como se explica essa violência tão absurda no Brasil e em tantos outros lugares do mundo? A resposta é simples, chega a ser óbvia: O ser humano não suporta a vida sem dignidade! Eu vou explicar melhor: Imagine que você esta no meio de um deserto, com uma garafa de água na mão. Você bebe um pouco de água e depois que sacia a sua sede, usa a água pra lavar os cabelos e os seus pés que estão sujos de areia. Agora, imagine que na sua frente tenha alguém olhando. O miserável, morrendo de sede, assistindo você lavar os pés e os cabelos... se você não for nobre o sucifiente pra dar de beber ao infeliz na tua frente, em algum momento ele vai criar coragem pra te dar uns tapas e tirar a garafa da tua mão! É natural...

A sociedade é completamente hipócrita e sempre estabelece padrões impossiveis de se conquistar: "Olhe, mas não toque; toque, mas não prove; prove, mas não engula"! Hoje em dia todo mundo se diz solidário. Mas eu tenho uma novidade pra você: não é possivel ser solidário e capitalista ao mesmo tempo! Se isso vem como uma surpresa pra você, eu te ajudo a assimilar a idéia. Pra começo de conversa, não vamos confundir solidariedade com esmola. A solidariedade é união, simpatia e interesses mútuos, esmola é definido como uma - quase sempre - pequena quantia monetária dada a um pedinte, por caridade. Se você ainda não captou a mensagem, eu te ajudo mais um pouco: por quê é que um ser humano como você, com praticamente os mesmos desejos, com praticamente as mesmas aspirações e vontades, não pode ter uma condição de vida igual a sua? Seja ela o quão requintada e luxuosa for? Se a sua resposta pra essa pergunta é: "Porque eu batalhei pelos meus bens e não estou disposto a abrir mão deles" ou qualquer coisa parecida com isso, então parabéns; Você é mais um capitalista!

Não me entenda mal, capitalista não é nenhum palavrão. Proteger os seus bens é perfeitamente natural, o instinto de auto-preservação vem no cérebro de todos os seres humanos saudáveis, e esse é exatamente o ponto de vista que eu quero apresentar nesse post. Recaptulando um pouco a metáfora: Parte da sociedade lavas os pés enquanto os outros (uma maioria esmagadora!) morrem de sede. Segundo a ONU: 1 bilhão e 100 milhões de pessoas (um sexto da humanidade) vive com menos de 1 dólar por dia! É ai que o instinto de auto-preservação entra em ação, motivando cada pessoa de uma maneira diferente, mas sempre na mesma direção. Nas pessoas bem sucedidas, ele demanda, a proteção dos bens conquistados e do 'status' adquirido. Nos miseráveis, ele demanda um estilo de vida, pelo menos, digno. Pra alguém no fundo poço da moral, sem educação acadêmica, é facil saber qual o caminho mais rápido pro sucesso...

É aí que começa a se formar uma teia gigantesca que prende todos nos à violência urbana, é ai que as pessoas começam a usar da violência e do medo pra obter o sucesso pessoal, e é exatamente ai que as tragédias acontecem...

No post anterior, Yke mencionou o caso do menino João Hélio, falou sobre o pánico dos pais, das pessoas horrorizadas que acompanharam o desenrolar do caso, mas que tempos depois, os assassinos foram condenados e o caso saiu da midia e da memória de todos os telespectadores que assistiram tão 'horrorizados'. Com o lado das vítimas bem esclarecido, faltou falar um pouco sobre os criminosos: Os "assassinos impiedosos" que arastaram um menimo pelo asfalto da cidade em alta velocidade; Todos, com excesão do menor (sim! um deles era menor de idade!), que só pode ficar detido por no maximo 3 anos, pegaram penas que variam de 39 a 45 anos de prisão! Alem da faixa de idade absurdamente baixa ( todos que participaram diretamente do crime tinham entre 17 e 19 anos! ), nenhum deles possuia antecedentes criminais! Dados os fatos, eu te pergunto: Que apoio tiveram esses indivíduos do governo, ou de qualquer alma caridosa? Que educação eles receberam? Você que está lendo, poderia afirmar que, sobre as mesmas influencias e vivenciando as mesmas situações, você poderia garantir que não cometeria nenhum crime? Sem hipocrisia, eu não poderia.

Os jovens que nunca tinham cometido nenhum crime tentaram roubar um carro. Eles usufruiram da violência e do medo pra obter algum sucesso pessoal e foi aí que ocoreu a tragédia que abalou a vida da maioria dos envolvidos... É preciso lembrar que ninguém quer ser responsável pela morte de uma criança (principalmente uma tão violenta como a de João Hélio) e que todos os "assassinos" são mentalmente 'sãos'? Agora me respondam, que tipo de vida tem uma pessoa que entra na cadeia aos 18 anos de idade pra cumprir 30 anos de pena? E que tipo de opiniões essa mesma pessoa vai desenvolver a respeito da sociedade que nunca lhe prestou nenhum serviço? Como é que você acha que esse individuo vai reagir a sociedade quando for libertado?

Essa é a constante luta das autoridades contra a 'impunidade', que mais se parece vingança do que justiça! Que tenta curar violência com mais violência, que prende um indivíduo de 18 anos por 30, no meio de outros delinqüentes ainda piores que ele, e depois 're-introduz' esse mesmo individuo à sociedade, de qualquer forma. Como é que isso vai resolver a situação? Como é que isso vai contribuir pra sociedade? Sou eu o único que enxerga algo de errado nesse sistema? Porque é que eles criam os monstros e depois os soltam de volta na sociedade, como se eles estivessem regenerados?

Pra finalizar, eu espero que tenha esclarecido um poucos os fatos pra você aí que está lendo. Isso, é claro, se você teve a paciência de ler até este ponto. Eu sinceramente não me considero uma pessoa solidária, na verdade sou bastante egocêntrico, mas tenho bom senso o suficiente pra criticar esses fatos horrendos que assombram a nossa sociedade...
( Eduardo Araújo )
Assassinos: Vilões da sociedade, ou consequência dela?

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Falando de Ética!

O blog está meio enferrujado. Não é que tenha acabado minha imaginação, longe disso! É que resolvi me dar umas férias, estava cansado, e utilizei desses quase 20 dias de ausência, pra não fazer nada. Peço perdão por não ter avisado, mas foi proposital, quis dar um clima quase furtivo a minha ausência!
Mas agora eu estou de volta, firme e forte e pronto pra encarar esse ano de frente, com seus altos e baixos.
E aos que não gostam do blog, que me perdoem também, mas não pretendo abandona-lo tão cedo.
Explicada minha ausência, vamos parar de falar de mim e falar de coisa séria e que realmente interessa.
De uns tempos pra cá, anda circulando no jornal, a notícia de uma menina de 11 anos, moradora da Rocinha, que estava na sala de sua casa, quando uma bala perdida oriunda de um conflito entre traficantes e bandidos, lhe cortou a janela e acertou-a em cheio!
Resumindo: uma tragédia propriamente dita.
E na minha mente, as tragédias não se anulam, se acumulam. Logo, isso me fez lembrar aquela outra tragédia, do menino João Hélio, que foi arrastado por 7 km, lembra? Pois é, fez-se agora a pouco tempo 1 ano desde aquele dia. E eu me lembro que não época, diziam que ia mudar alguma coisa, que a morte dele não tinha sido em vão. Foi amplamente divulgado na mídia, os jornais estampavam o rosto do menino, a Tv estampava o desespero dos pais... E aí? E aí que agora a gente vê – e se decepciona – que aquele caso só aparecia na mídia enquanto dava ibope. Que as pessoas se esqueceram do que aconteceu e que era só uma questão de tempo até sermos bombardeados novamente por outra leva de notícias de crianças mortas cruelmente. Constatamos que nada mudou e a impunidade ri de nós.
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Eu lembro que na época, aliás – se não me falha a memória -, na semana que isso aconteceu, talvez poucos dias depois, eu escrevi um manifesto – pode chamar de crítica, crônica, texto e do que quiser – falando sobre ética e sobre essa realidade louca e transgressora que vivemos.
Esse mesmo texto foi lido na Rádio Globo pelo grande – pode chamar de comunicador, locutor, radialista e do que quiser – Loureiro Neto e comentado pela competente professora de História e Cientista Política Lucia Hippólito.
Basta apertar na seta ( play ), ouvir, e me dizer: É isso que a gente quer?

 Loureiro Neto - Loureiro Neto - í‰tica