segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Amanhecer

 Naquela hora, sem explicação, desabei em choro. Olhando aquela vastidão, sentia as lágrimas escorrerem. E cada uma que caia, caia por todas aquelas que deveriam, mas não puderam cair. Ali, cada gota era uma imensidão: de sentimento, de sentido, de mim.
 Ali, eu não era um, era tudo. Agora, sou oco. E o mundo, também.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dos questionamentos

Perguntei a manteiga:
  • De onde veio?
  • Do leite, disse-me ela.
Perguntei ao leite:
  • De onde veio?
  • Da vaca, disse-me ele.
Perguntaram a mim de onde vim,
e o que eu podia falar?
Falei a verdade:
- Ainda estou de me achar.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sobre o blog evoluir e este autor discursar

Andei muito desaparecido, mas com razão. Esse final de ano pra mim foi particularmente mais complicado, porque foi o final do último ano de colégio. E com isso, tive que aprontar as coisas da colação de grau ( ah propósito, fui orador! ) e andei meio sem tempo de dar a devida atenção que este blog. Aliás, falando neste blog, nem tive tempo de contar pra vocês a novidade: Agora ele é um site! Quer dizer, não é um site pra valer, porque eu gosto desse clima de 'bagunça organizada' que o blog tem, mas é que agora ele atende por .com. ( mas você que vem aqui a mais tempo, fica tranquilo, ele também atende por "blogspot.com" )
Pois bem, dada as considerações iniciais, achei que seria interessante nesse clima de final de ano, que é um momento que a gente oscila entre as memórias do que passou e as expectativas do que virá, transcrever o meu discurso como orador, que fala essencialmente sobre as conquistas e os elos que fazemos ao longo do tempo. Espero que gostem, aí está:
Antes de começar, gostaria de falar uma coisa para aqueles que não nos acompanharam durante todo o processo. Final do ano passado, todos entusiasmados com a ida para o último ano do colégio, quando de repente, sem menos esperar, levamos uma rasteira e nos vemos obrigados a sair do colégio que estudávamos – pelo menos a maioria daqui. E como tudo que é novo, a possibilidade de mudar assim no último ano, gerava receio: “Será que vamos ser bem aceitos? Ou será que vão nos olhar com estranheza?”
Eu já estava com o discurso pronto, quando conversando com o Geraldo Deniro na noite anterior a coleção, ele me disse algo que achei importante registrar aqui: - mesmo eu esperando isso, é estranho dizer que o colégio acabou pra sempre. Desde que nos entendemos por gente, estamos no colégio. Parece que ao dizer isso, a frente de nós um abismo se abre, um abismo de incertezas e de possibilidades, que num primeiro momento temos medo de pisar.
E ficar vendo esse povo, estar aqui olhando pra todos esses rostos, faz eu me lembrar de todas as histórias, risadas, brincadeiras, brigas, desentendimentos e, sem medo de errar, posso dizer que valeu a pena. Cada escolha, mesmo errada, não foi em vão.
Bonito quando a gente percebe que a gente foi construindo laços e que depois você já não sabe mais dizer quem é você se você não se recorda de todos eles; que chega um momento da vida que você é uma multidão; eu não sei mais quem eu trago dentro de mim, é muita gente que mora dentro de mim, minha alma é povoada, minha alma tá cheia de gente; É tão bonito olhar cada rosto aqui e ir desdobrando os muitos rostos que essa pessoa representa;
Talvez o mais importante que a gente leva dessa fase, sejam os aprendizados.
Na vida, nós temos a ânsia de dar o que a gente pode fazer pelo outro; E pude aprender com algum de vocês, que as vezes, a gente tem a ânsia de fazer pelo outro alguma coisa, quando na verdade ele não tá pedindo que você faça, ele tá pedindo só que você seja. Uma coisa é eu tirar a minha blusa e dar a alguém que sente frio, outra coisa é dar o que eu sou. Não passa pela matéria, não passa por aquilo que a gente consegue enxergar, não passa por aquilo que a gente consegue materializar. E aprendi com vocês que o mais difícil da vida é isso, não é dar o que a gente tem, é dar o que a gente é, a oportunidade de você ser para o outro, de você ser a sua melhor parte, de você ser o melhor filho, o melhor aluno, o melhor amigo... As vezes eu não posso fazer muitas coisas pelos outros, mas eu tenho a oportunidade de ser.
É tão ruim quando a gente é olhado depressa demais, quando as pessoas não enxergam quem a gente é. E você descobrir isso, que o mais bonito que a gente pode oferecer ao outro é o que está dentro do nosso coração, uma palavra de amor, de consolo, de carinho, um gesto concreto. É isso que fica eternizado.
E a gente descobre ao ouvir essas pessoas, ao escutar esses tantos discursos, que valeu ter vivido, valeu ter feito tudo como como fizemos e ter conhecido pessoas como vocês. Porque hoje, o colégio acabou. Mas a gente, só acaba, se quiser. Obrigado!