sábado, 23 de outubro de 2010

Mania de cozinheiro apressado

Sou ansioso com texto. Basta começar um e já fico afoito pelo final. Não pode ser qualquer desfecho. Não me contento com qualquer história. Imagino um texto como um um prato. Torná-lo bom ou não é ofício do cozinheiro. Selecionar os ingredientes, misturar no momento certo, para, no final, fazer tudo ficar saboroso, não é trabalho fácil. Nenhum trabalho é fácil. Um prato bem feito, assim como o texto, são ambos irresistíveis. Difícil é torna-lo assim. Difícil é fazer um texto que te devora pelo olho. É ele quem te convida a comer.
Na arte da gastronomia, sou um irremediável amador. Meu prato nunca fica com o gosto que eu queria. E basta tornar a olhar, para querer mudar o tempero. Botar um pouco de sal aqui. Deixar um pouco mais doce. Misturar com um tanto de limão. Refazer tudo.
Busca interminável pela satisfação, acabo servindo do jeito está. Não me permito alterações. Sou ansioso com texto.
Mania de cozinheiro apressado, não consigo esperar sair do forno. Sirvo sempre cru. Ou passado demais. Jamais cheguei ao ponto.

2 comentários:

Ilca Leon disse...

Assim como várias coisas na vida a prática é fundamental.
Mas existem coisas que são inerentes a vontade de cada um , e escrever é uma delas a você !
Parabéns continue assim , que mesmo "estando cru ou passado demais" como vc mesmo diz , está muito bom o que vale é o paladar!!!
bjs te amo

Gabriela Chaves disse...

Eu discordo que seus textos são cru ou jamais chegam no ponto. E mesmo que isso fosse verdade, seria até bom, porque deixa um gostinho de quero mais, de querer saber mais :) Está ótimo, beijos