sábado, 12 de junho de 2010

Carta para Carpinejar

Pensei muito sobre te mandar ou não esse email.
Primeiro, porque julguei – de certa forma - desnecessário, já que você, enquanto escritor publicado, já teria ouvido diversas opiniões, sejam contrárias ou favoráveis, trocentas vezes mais conceituada que a minha. E segundo, não sou de fazer tietagem, principalmente virtual. Mas cá estou...
Não teria outro assunto para colocar no corpo do email do que 'Obrigado'. Obrigado! E isso me basta. Isso é tudo que eu queria dizer. Aliás, pra mim, esse obrigado tem mais de dez mil caracteres. Mas como você não é vidente, deixa eu explicar: Comprei um livro-porcaria ( assim mesmo, com hífen! ) e necessitei ir até a livraria me livrar daquilo. Estava disposto a tudo: vender, doar, queimar... mas graças a Deus sugeriram a troca. Quando a mulher me perguntou: “- E que livro o senhor gostaria?” me deu um branco total. Minha lista de livros ( pra comprar ) é sempre gigante, mas eu não lembrei de nenhum. Olhei para o lado na tentativa de permanecer seguro e me deparo com uma capa um tanto estranha: uma moça, uma neblina e um título que me gritava na cara “Canalha!”. “- Quero esse.!”
Lembrei que já tinha ouvido falar de você. Minha memória, que sempre esquece de lembrar, matou a charada: era um escritor que a Ana Carolina já tinha falado uma vez. Um cara aí.
Meio desconfiado, ia ler a primeira crônica. Lembrava que o prazo de troca da livraria já havia acabado, ou seja, era esse e acabou. “Canalha!”.
Li a primeira, fui pra segunda, emendei na terceira... quando dei por mim estava na página 32. Trinta e dois! Trinta e duas páginas haviam se passado por mim, como se eu tivesse tirado uma soneca depois do despertador tocar. Como poderia? Como eu não tinha sentido?
Tentei resistir. Deixei o livro de lado. Mas foi inútil. Acabei o livro como ejaculação precoce, muito antes da expectativa. Virei propagandista de Carpinejar. Desde Fevereiro faço campanha. Sou um mercenário das letras. Um mecenas da modernidade, que vende sua imagem em troca de textos.
Não sei se você vai chegar a ler, porque estou mandando para o primeiro email que eu vi. Mas eu precisava tossir isso tudo, que estava entalado a alguns meses.

Obrigado!
Yke Leon

2 comentários:

Gabriela disse...

Incrível como os livros acrescentam coisas a nossa essência ne ? Também sinto isso, as vezes.

George Luis disse...

Ai, que sonho!

Adoraria ter esse tipo de contato om os meus ídolos!