terça-feira, 26 de julho de 2011

Do valor de ser precioso

Se adular com o reluzente,
é tapar o ouro que não brilha,
mas pesa.
E que peso, afinal, tem o tal ouro
diante de carvão cristalizado?


Não se pode, por ventura, hostilizar,
nem depredar o pobre esplendor.
O ouro -embora convenção-
tem ainda o seu valor.

Mas o que reluz não me impressiona,
nem me tira do lugar.

O que vive de mostrar reflexo,
o que sobrevive da exatidão,
tem hora-dia-mês
e prazo de duração.

Se o ouro é precioso
e se engrandece na lapidação
o valor afinal, é do ouro
ou da mão do artesão?

O que transpassa, obviamente,
sempre me teve mais valor.

Que chata são as coisas que vivem
de ser-se apenas.
Eu não quero ser o que sou
e só.

Eu quero ser além

2 comentários:

Yan Venturin disse...

Bonito isso.. Me lembrou Raul. Que não sejamos como a maioria da nossa geração, infelizmente, que é apenas, se for preciso não sejamos nada, por ser é estar preso. O não ser, o nada, o esquecido, o diferente ele é livre pra ser e não ser o que quiser quando bem entender. Tava com saudades disso aqui, seus versos continuam magnificos. Abração.


"Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opnião formada sobre tudo".

Luiz Favilla disse...

Gratificante saber que tenho autores por perto. Mantenha sua luz própria acesa.
=)